Um novo ano se aproxima. E não será somente mais um a passar em nossas vidas. Para nós, da Comunità, o ano que se avizinha é emblemático por dois aspectos bastante caros à nossa realidade e ao nosso propósito: o primeiro deles é que comemoraremos 30 anos de existência e, principalmente, de publicação ininterrupta. Feito memorável para um mercado editorial cada vez mais complexo e desafiador por conta da realidade digital que se acentua em todos os campos da vida e nos mercados; o segundo aspecto nos toca profundamente porque nos remete à história e à ancestralidade que nos guiam e inspiram. O Brasil se prepara para festejar os 150 anos da imigração italiana. Toda essa linda epopeia que ajudou a modernizar o Brasil ao longo de décadas teve como pedra fundamental a chegada, em abril de 1874, da Expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, evento que inaugura a imigração em massa de italianos para o Brasil. Ao todo 388 camponeses (trentinos e vênetos) embarcaram no navio à vela La Sofia e chegaram à capital capixaba Vitória em busca do sonho, da prosperidade… e exclamavam “cuccagna!”, ou seja, encontraram um lugar onde há abundância, fartura e tudo que possa ser saudável ao homem para torná-lo digno. Aqui, aqueles imigrantes tão sofridos, que embarcaram em navios insalubres nos portos da Itália, encontraram a “cuccagna!”, a chance de transformarem suas vidas, suas famílias e, essencialmente, transformarem uma cultura e um país hoje reconhecido como um dos mais pujantes. O Brasil é de todos e para todos, sem distinção. O Brasil acolhe, abraça povos. Há distorções sociais, sim, e muitas, mas o fato é que a imigração foi decisiva para conduzir povo e nação rumo à modernização que se acentuava na virada do século 19 para o 20. Os bravos que aqui chegaram em tempo tão remoto plantaram raízes eternas que jamais se deteriorarão. Hoje, após 150 anos, somos o país com o maior número de descendentes de italianos, ou seja, há em terras brasileiras mais de 30 milhões de ítalo-brasileiros. Comunità, nestes 30 anos de existência, orgulha-se de narrar essa trajetória, de contar histórias comoventes, empreendedoras e latentes da relação entre brasileiros e italianos verdadeiramente irmãos de alma e que têm em comum a vontade de criar, o espírito da transformação, o estado da arte do futuro. Esta edição de dezembro enfatiza esse contexto ao apresentar reportagens que promovem um debate entre o passado e o presente. Nossa capa, por exemplo, estampa uma realidade comum a muitos países: o envelhecimento populacional. Itália e Brasil integram esse rol. O mais importante centro de estudos sociais e estatísticos da Itália, o Istat indica que, entre 2009 e 2021, os centenários passaram de 10 mil para 17 mil pessoas no país. A maioria mulheres. No Brasil, conforme aponta uma especialista do IBGE ouvida por Comunità, o percentual de pessoas com mais de 100 anos registrado pelo Censo entre 2010 e 2022 também cresce rapidamente, e permanecerá irreversivelmente nessa toada nas próximas décadas. A conferir, e nosso editorial estará sempre presente para narrar histórias que aproximam esses dois povos com laços indissolúveis. Nosso lema sempre foi informar, formar e transformar. Desde que Comunità nasceu, nos antecipamos ao falar em “comunidade” logo na marca da publicação, numa época em que todos tratavam imigrantes como colônias. Mas o mundo virou uma grande comunidade com o advento e popularização da internet. De 1994 para cá, nossas coberturas jornalísticas, algumas delas históricas, sempre se mantiveram comprometidas com cada um dos nossos leitores e com milhões de ítalo-brasileiros que fortalecem essa identidade que corta o Atlântico. E assim permanecerá.
Boa leitura!