O Vaticano criticou a decisão da Justiça italiana de conceder o direito ao pai de Eluana Englaro de pedir o desligamento da sonda que alimenta a paciente, que está em coma vegetativo há 16 anos.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o monsenhor Rino Fisichella, presidente da Pontificia Accademia della Vita, classificou a decisão como "um fato gravíssimo".
"Para mim, é grave do ponto de vista ético e moral. Talvez possamos encontrar as justificativas nos trâmites processuais e nas interpretações da linguagem", critica o religioso. "Permanece um fato grave e estranho à cultura do povo italiano, um fato de gravidade absoluta no que se refere a um atentado à vida".
O religioso declarou ainda que é preciso "formular uma lei para que seja evitada qualquer experiência da eutanásia passiva ou ativa no país", declarou Fisichella.
O deputado Luca Volonté, da aliança democrata-cristã UDC, é da mesma opinião. Para ele trata-se do "primeiro homicídio de Estado em nome do povo italiano".
"O silêncio das mais altas instituições é grave e preocupante, assim como a falta de ações concretas por parte do governo", posicionou-se o parlamentar, ressaltando que o legislativo agora tem o dever de "aprovar normas que impeçam sentenças bárbaras e homicídios como aqueles que aconteceram nos últimos anos por parte de uma certa magistratura militar".
Para a senadora Laura Bianconi, da coalizão conservadora Povo da Liberdade, a decisão judicial é inaceitável. "Esta é a demonstração de que a Justiça quer decidir também quando e como devemos morrer", acusou.
"Agora, os apoiadores da eutanásia podem cantar vitória. Eu, ao invés, sofro ao saber que Eluana morrerá de fome e sede com um grandíssimo sofrimento, e isso só porque os juízes declararam-na indigna de viver", atacou a senadora.
Em julho deste ano, o pai de Eluana, Beppino Englaro, obteve um parecer inédito da Corte de Apelações de Milão que autorizava a desconexão da sonda que alimenta e hidrata a paciente.
Em seguida, a decisão judicial esteve bloqueada por um recurso apresentado pela promotoria, que foi hoje rejeitado em última instância pela Justiça italiana, devolvendo a validade da autorização anterior para interromper a manutenção da vida de Eluana.
Fonte: Ansa
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