O presidente da Itália, Sergio Mattarella, nomeou nesta sexta-feira (19) Liliana Segre, 87 anos e sobrevivente do campo de concentração nazista de Auschwitz, como senadora vitalícia
Nascida em Milão, em setembro de 1930, de uma família de origem judia, mas laica, Segre tinha apenas 13 anos quando foi deportada, em 1944, para o complexo de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Ao chegar ao campo de concentração, ela foi separada do pai, que não veria nunca mais.
Com o número de matrícula 75.190 tatuado no braço, realizou trabalhos forçados em uma fábrica de munições e, em janeiro de 1945, participou da chamada “marcha da morte”, a transferência de prisioneiros do nazismo da Polônia para campos de extermínio na Alemanha.
Segre foi libertada em maio daquele mesmo ano e passou a viver com os avôs maternos, os únicos sobreviventes da família, além dela. A agora senadora vitalícia evitara comentar sobre sua experiência até o início dos anos 1990, mas desde então passou a participar de encontros com jovens para relatar a própria história.
Mattarella comunicou Segre sobre o cargo de senadora vitalícia por telefone e justificou a nomeação com seus “altíssimos méritos no campo social”. “A vida de Liliana Segre é um testemunho de liberdade. Como senadora, nos indicará o valor da memória. Uma decisão preciosa a 80 anos das leis raciais”, disse o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, em referência às leis fascistas que autorizaram a perseguição contra judeus, decretadas por Benito Mussolini em 1938.
“Em nome de toda a comunidade judaica na Itália, exprimo nossa comoção pela decisão do presidente Mattarella”, declarou a presidente da União das Comunidades Hebraicas Italianas (Ucei), Noemi Di Segni.
Além de Segre, a Itália possui cinco senadores vitalícios: o vencedor do Nobel de Física Carlo Rubbia, a bióloga Elena Cattaneo, o ex-presidente Giorgio Napolitano, o ex-primeiro-ministro Mario Monti e o arquiteto Renzo Piano.