Os dois maiores sindicatos da Itália realizaram nesta quinta-feira (16) uma greve geral para protestar contra o projeto de lei orçamentária do governo de Mario Draghi, o qual julgam inadequado para combater as desigualdades no país. A manifestação é coordenada pela Confederação-Geral Italiana do Trabalho (Cgil) e pela União Italiana dos Trabalhadores (UIL), porém é boicotada pela terceira entidade sindical do país, a Confederação Italiana dos Sindicatos de Trabalhadores (Cisl).
“A distância entre o palácio da política e o país está aumentando. Estamos dando voz ao incômodo social que existe no país, precisamos tomar a palavra, e o Parlamento faria bem em nos escutar”, afirmou o secretário-geral da Cgil, Maurizio Landini, do palco de uma manifestação em Roma.
“Acreditamos que o país precisa mudar, com uma reforma fiscal e das aposentadorias digna deste nome e cancelando a precariedade. É o início de uma batalha”, prometeu. Também ocorreram protestos de rua em Milão, Bari, Cagliari e Palermo.
A greve envolveu trabalhadores do setor privado e servidores públicos, mas deixou de fora as áreas da saúde, da educação e os correios.
Os sindicatos criticam sobretudo dois pontos da lei orçamentária de Draghi: a reforma do imposto de renda e os recursos destinados a conter a alta na conta de energia.
A primeira prevê a redução das alíquotas e do número de faixas do imposto de renda para pessoa física (Irpef). Atualmente, existem cinco alíquotas: 23% (para quem ganha entre 8 mil e 15 mil euros por ano), 27% (até 28 mil euros), 38% (até 55 mil euros), 41% (até 75 mil euros) e 43% (acima de 75 mil euros). Quem recebe menos de 8 mil euros por ano não paga imposto de renda.
A reforma do governo estabelece a eliminação das alíquotas de 38% e 41%, que serão unificadas em uma nova taxa de 35% para pessoas que ganham entre 28 mil e 50 mil euros por ano. Já a de 27% será reduzida para 25%, enquanto a alíquota de 43% valerá para todos que recebem mais de 50 mil euros anuais.
Para os sindicatos, a reforma falha ao não reduzir a alíquota mais baixa, a de 23%, que engloba a primeira faixa não isenta. “Não haver benefícios fiscais para quem ganha até 15 mil euros não se justifica”, afirmou Landini recentemente.
O outro ponto questionado é a proposta que prevê 2 bilhões de euros em 2022 para subsidiar contas de energia e conter a alta nos preços, valor considerado insuficiente pelos sindicatos. O governo, no entanto, promete aumentar o montante para 3,8 bilhões de euros. (com dados da Ansa)