Para a cidade de Maricá, um salto rumo ao desenvolvimento. Para a Leonardo, um projeto moderno e promissor. Assim, o casamento entre a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) e a gigante italiana, um dos maiores grupos industriais do mundo, foi realizado em clima de euforia no último dia 12 de fevereiro, com a presença do CEO da Leonardo, Lorenzo Mariani, e do prefeito maricaense Fabiano Horta (PT), que disseram o tão esperado “sim” e assinaram a joint venture voltada para as áreas de aviação, comunicação e segurança. Uma nova companhia surgirá, na qual a Codemar — autarquia e braço técnico da Prefeitura — terá 49% de participação, e a Leonardo, 51%. O investimento inicial previsto é de R$ 2 milhões.
— Para nós, este é um grande salto do ponto de vista do gigantismo e da credibilidade internacional da Leonardo, protagonista mundial na fabricação de helicópteros. Essa joint venture tem o objetivo de fomentar uma nova dinâmica econômica. Maricá hoje emerge no cenário nacional pela sua capacidade de investimento próprio, fruto da cadeia do pré-sal. Vamos estabelecer aqui um centro de manutenção de aeronaves e treinamento de pilotos, desenvolvendo uma cadeia de segurança para o off-shore — declarou à Comunità o prefeito Fabiano Horta, com o olhar de felicidade de quem consegue romper a bolha da crise econômica nacional e a falta de investimentos que influencia o país.
O conhecido investimento da Prefeitura de Maricá no social é parte imprescindível para manter esse ritmo de crescimento econômico e passar longe da crise, ressalta Horta. A prioridade vai continuar, garante ele, que é candidato à reeleição este ano.
— Transporte público para a população, renda básica de cidadania, passaporte universitário que garante a quase 4500 jovens a presença na universidade, tudo isso vai continuar. São medidas que integram um ciclo que se retroalimenta e forma pessoas, ao mesmo tempo em que atrai empresas para o parque tecnológico da cidade. Aliás, a expansão da renda básica de cidadania é uma obsessão nossa. A moeda social de Maricá está muito consolidada e queremos que ela seja universalizada na cidade — explicou, referindo-se à implantação da mumbuca, primeira Moeda Social com cartão de débito do Brasil, implantada em 2013 e transferida para mais de 10 mil beneficiários, um programa de economia solidária que movimenta o comércio local.
Durante a assinatura da joint-venture, o CEO italiano, Lorenzo Mariani, não escondeu sua euforia:
— Estou muito feliz e orgulhoso de estar aqui após negociações que duraram três anos. Gostaria de expressar minha admiração por Maricá, que recebeu a bênção do petróleo e soube explorar isso de forma sábia, olhando para o futuro, de maneira inovadora, e usando os recursos da Mãe Natureza para gerar benefícios para o povo. A joint-venture com a Codemar é um feito extraordinário — resumiu.
Cidade abençoada pelo pré-sal rompe a bolha da crise com investimentos no social
Maricá, com 157 mil habitantes, deve receber este ano a cifra de R$ 1,9 bilhão em royalties e participação especial de petróleo, segundo projeções da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Por isso, a tecnologia trazida da Itália beneficia especialmente o setor de petróleo, que demanda alta capacidade de transmissão de dados, e é compatível com e banda larga 5G, ainda em processo de regulamentação no Brasil.
— Estamos vivendo o ciclo da emergência do petróleo. O pré-sal é uma realidade presente na cidade — confirmou o prefeito.
O diretor da Codemar, José Orlando de Azevedo Dias, enfatiza o posicionamento geográfico do município da Costa do Sol.
— O projeto vai atender a necessidade de monitoramento de limite de fronteiras e áreas ambientais, além de atender o mercado de logística de offshore. Somos a principal porta de entrada da Bacia de Santos. Por isso, somos os maiores arrecadadores de royalties: o petróleo está sendo retirado do nosso quintal. Nossa expectativa é gerar em torno de 150 empregos em médio prazo, sem falar nos indiretos — revelou Orlando, acrescentando que a empreitada é realizada junto com Petrobras, Embraer e Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) da Aeronáutica.
Teleporto de Maricá será um dos únicos no mundo com satélites de órbita baixa
A joint venture prevê a implantação de uma base no aeroporto do município, onde foi oficializado o acordo. A Telespazio, empresa que integra o conglomerado italiano, será responsável pela construção de um teleporto, composto por 30 antenas, para operações de comunicação via satélites de baixa órbita.
— Será um teleporto inovador não só na América Latina, mas em nível mundial. Trata-se de um dos poucos teleportos do mundo com constelação de satélite de órbita baixa. Quando é baixa, você tem uma grandíssima disponibilidade de banda com baixa latência. Normalmente, a constelação de satélites em órbita geoestacionária é muito mais elevada. O sinal tem que ir e voltar, ao contrário daquele em posição mais baixa, mais perto da Terra, cuja latência é comparável com tecnologia terrestre — explicou à Comunità o CEO da Telespazio Brasil, Marzio Laurenti.