O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reuniu-se na sexta-feira (8), em São Paulo, com investidores, banqueiros e empresários italianos para ilustrar o cenário econômico atual brasileiro e a política monetária.
O encontro foi organizado pela Embaixada italiana no Brasil, com apoio do Consulado em São Paulo, e faz parte de uma série de reuniões entre empresários italianos e membros do governo, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Joaquim Levy, que ocorreram ao longo do ano.
“Não passa uma semana sem que tenha um anúncio de uma empresa italiana que invista no Brasil. Isso quer dizer que há interesse”, disse o embaixador italiano, Antonio Bernardini.
“Existem oportunidades crescentes nesse país e os sinais são muito positivos. Ressaltamos sempre que a Itália investiu no Brasil até nos momentos que não eram favoráveis. E o que acontece agora é que o momento abre novas oportunidade, com reformas e projetos de privatização, principalmente nos setores de energia, infraestrutura e estradas”, apontou. Para Graziano Messana, da GM Venture, que presta apoio a empresas italianas que investem no Brasil, setores ligados à tecnologia também são promissores.
“Vejo com grande potencial as áreas de segurança digital, robótica, internet das coisas, setores onde na Itália existe grandes projetos de tecnologia e os quais, aqui no Brasil, são aplicados em canais verticais, como a agricultura. É fácil encontrar projetos de tecnologia italiana em fazendas brasileiras. A energia renovável e setor farmacêutico também estão crescendo, há no Brasil um grande apetite”, disse Messana, que ajudou a publicar em outubro um guia sobre investimentos no Brasil para italianos.
No encontro com os empresários, Campos Neto disse que “o governo está tentando aumentar o aporte privado e reduzir o aporte público” nos investimentos.
“No Brasil, as empresas queriam fazer negócio com o governo”, alegou o presidente do BC, afirmando que o certo seria “ouvir as demandas do mercado e produzir nesse sentido”.
Questionado sobre o câmbio e os obstáculos para se abrir uma instituição financeira no Brasil, Campos Neto disse está na agenda do BC avaliar a situação.
“Vamos tratar o capital privado igual ao público. Mas isso não significa que o processo de abertura de um banco no Brasil seja fácil. Tem uma parte legal complexa”, confessou.
Falando sobre a taxa básica de juros, Campos Neto disse também que o BC “acredita que tem espaço para mais um corte na Selic”, que está no menor nível da história, em 5% ao ano. (Ansa)