Presidente de Assembléia Legislativa da Calábria é preso por elo com máfia

Em meio a uma grave crise sanitária, a região da Calábria, no sul da Itália, o presidente de sua Assembleia Legislativa, Domenico Tallini, foi preso nesta quinta-feira (19) por suspeita de ligação com um clã da máfia ‘ndrangheta. Tallini, 68 anos, pertence ao partido conservador Força Itália (FI), do ex-premiê Silvio Berlusconi, e foi colocado preventivamente em regime de detenção domiciliar, no âmbito de um inquérito que apura uma suposta associação mafiosa para fins eleitorais.
Segundo a acusação, o político ajudou o clã Grande Aracri na constituição de uma empresa sediada em Catanzaro, capital da Calábria, para venda de produtos médicos no atacado. De acordo com a investigação da Arma dos Carabineiros, a ‘ndrangheta teria retribuído o favor com seu apoio a Tallini nas eleições regionais de novembro de 2014.
A contribuição do político teria sido decisiva para acelerar os trâmites burocráticos para a empresa começar a operar. Outras 19 pessoas também foram alvos de mandados de prisão preventiva.
De origem calabresa, a ‘ndrangheta é uma das máfias mais poderosas da Itália e possui ramificações no mundo todo, incluindo no Brasil, onde opera em parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Saúde
A Calábria é uma das regiões mais carentes do país e já vive uma situação delicada devido à crise em seu sistema sanitário, agravada pela pandemia do novo coronavírus.
A Secretaria de Saúde da região está sob intervenção do governo italiano há 11 anos, mas, desde 7 de novembro, três comissários nomeados por Roma deixaram o cargo.
O primeiro, Saverio Cotticelli, renunciou após ter dito a uma TV que não sabia que cabia a ele preparar um plano regional contra a pandemia. O segundo, Giuseppe Zuccatelli, se demitiu depois da divulgação de um vídeo no qual afirma que as máscaras de proteção “não servem para merda nenhuma”.
Já o terceiro, Eugenio Gaudio, ficou menos de 24 horas na função e desistiu porque sua esposa não quis se mudar para Catanzaro. O cargo agora está vago, mas o governo italiano fechou um convênio para a ONG Emergency, que costuma atender vítimas de guerra e da pobreza, administrar hospitais de campanha na região. (com dados da Ansa)