Início » Pela cultura! Pela democracia!

Pela cultura! Pela democracia!

21 de fevereiro de 2023 - Por Mauricio Cannone
Pela cultura! Pela democracia!

“Estou muito feliz de estar na Biblioteca Nacional, é a instituição que eu mais amo no Brasil”. Poeta, escritor, romancista, há anos colunista desta Comunità, da qual é cofundador e membro do conselho editorial, e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, na qual ocupa a cadeira nº 15, Marco Lucchesi assume a gestão da mais relevante instituição cultural do país com a louvável, emergente e imprescindível missão de resgatar sua importância democrática, esta perdida nos últimos anos devido a um governo que se opôs francamente à cultura e à educação

Sangue italiano em instituição mais antiga do que a Independência do Brasil. Em outras palavras, o carioca Marco Lucchesi, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), filho de imigrantes toscanos, assume o comando da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, fundada em 1810, com a vinda da família real portuguesa para o outro lado do Atlântico.

Pouco antes de tomar posse na presidência da fundação depositária do patrimônio bibliográfico
e documental do país, Lucchesi conversou com Comunità sobre seus planos nesta empreitada para enriquecer ainda mais a cultura brasileira. Quando foi chamado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, ele estava justamente em visita à terra de seus ancestrais, na região da Toscana.

Comunità Italiana — Como surgiu esse convite para dirigir a Biblioteca Nacional?
Marco Lucchesi —
Foi realmente inesperado. Eu estava em Massarosa, província de Lucca, primeira cidade libertada pelos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial, com as relações profundas que você possa imaginar, com a minha ancestralidade. Fiquei num ano sabático longe do Brasil, trabalhando na Universidade de Nápoles. Eu não esperava. O meu amor com a Biblioteca Nacional sempre foi imenso desde minha juventude. Depois organizei cinco ou seis exposições com os funcionários, dirigi a revista Poesia Sempre, publiquei produção de livros raros, palestras. Enfim, uma relação contínua que começou em 1979, como leitor que eu era, adolescente, muito apaixonado pela beleza dos livros antigos, emocionado com o conteúdo de você descobrir que foi produzido há 500, 400 anos. E que outras mãos precederam as suas atuais, que por sua vez as suas próprias mãos serão depois precedidas pelos leitores futuros. Para mim é objeto de grande fascínio. Então, quando, no dia 30 de dezembro, tive a grata surpresa de receber telefonema da ministra, naturalmente vim o mais rápido possível. Nem fui para a minha casa diretamente. Fui logo a Brasília, para o Ministério, agradeci muito à ministra e brinquei com ela que tinha de resolver um grande problema. Qual? É que a minha família na Itália e os meus amigos ficaram muito tristes porque eu saí um mês e meio antes. Depois, no dia seguinte, nem fiquei em casa, fui diretamente à Biblioteca Nacional para conversar, cumprimentar os funcionários. Conheço quase todos. Foi momento, para mim e para muitos deles, de grande emoção porque tenho amor à Biblioteca Nacional com a qual tenho dívida como a que se tem diante do afeto materno. A biblioteca é não só no Rio de Janeiro, não só no Brasil, mas em todas as partes, a mãe que acolhe. Acolhe a cidadania, abre suas portas. De forma digital, virtual, mas também as portas físicas. Essas duas portas hoje são fundamentais na compreensão do papel de uma Biblioteca Nacional.

CI — E como foi essa volta do Ministério da Cultura?
ML —
Para nós é um ponto nevrálgico. Durante muitos anos, o Ministério da Cultura foi desfeito. A Secretaria da Cultura, aliás, como um todo, foi tratada como questão psicopática, algo danoso. As aberrações de que foram vítimas os artistas, os escritores, os que trabalham com a cultura, os professores. Momento realmente de trevas, de uma das figuras mais nefastas que já passaram pela Presidência da República e que deixou rastro de destruição, de poluição institucional, cujos efeitos ainda perduram. Teremos, sociedade civil e governo, de trabalhar muito porque o que nos une a todos não é a loucura de alguns, mas o compromisso democrático de a gente poder respirar, exprimir ideias, ser proibido de lançar bombas, o mínimo grau de civilidade do famoso contrato social, antes até do século 16, mostra justamente qual é o papel do estado, qual é o lugar da cidadania. As coisas mais óbvias. Agora não é mais preciso perceber que a Terra é redonda. Agora não é mais preciso saber que a cultura é fundamental, que a ciência deve ser ouvida. Voltamos ao normal, ou seja, do dia 31 de dezembro ao dia 1º de janeiro, o Brasil deu salto de cinco séculos. Voltou a participar do Concerto das Nações e das conquistas civilizacionais que o governo Bolsonaro destroçou completamente.

CI — Quais as primeiras impressões sobre o estado atual da Biblioteca Nacional?
MC —
Neste momento, eu só pude caminhar pela Biblioteca Nacional. Essa caminhada levou cerca de seis horas, falando com todos, desde os serviços gerais, eletricistas, pesquisadores, chefes de setor. Mas tenho trabalhado dia e noite e vou ouvir todos. Acredito que uma das maiores urgências, não só da Biblioteca Nacional do Brasil, mas das bibliotecas de todo o mundo, é a relação da conservação do espaço da conservação. No mínimo, por ano, são publicados um milhão de livros. Não é que todas as bibliotecas do mundo tenham de tomar todos. Nós aqui temos situação muito importante: oitava biblioteca do mundo. A Biblioteca Nacional tem esse nome por obrigação de lei, do depósito legal. Tudo o que é publicado no Brasil deve chegar à Biblioteca Nacional. Portanto você pode imaginar o volume sempre insuficiente de todas as bibliotecas. O problema, sobretudo a partir do século 15, século 16, com a reprodução gráfica, e a partir do século 19 e no século 20 com a explosão absoluta. Então, uma das questões é ampliar a preservação e o espaço. O espaço é óbvio. As pessoas acham que a preservação material é a única que nós temos de realizar. Mas não é assim. Há também a preservação daquilo que é virtual, demanda somas de tempo, de despesa. Por exemplo, a migração de tecnologia. Tudo isso está sendo colocado como o desafio cotidiano das bibliotecas no mundo. Acho que o lema do governo atual diz muito bem: reconstrução. A Biblioteca Nacional é grande espelho, capaz de abranger todas as formas polifônicas brasileiras. Então é um espelho que não é narcísico, mas que reflete a imagem de nossa pluralidade. Tanto que quando se fala em reconstruir, essa é ideia para o Brasil, para as relações humanas, a Biblioteca Nacional é desses grandes espelhos que nos dizem, nos apontam de algum modo de onde viemos. É nossa competência dizer, de forma coletiva, para onde vamos. Portanto uma biblioteca que é a instituição cultural mais antiga do Brasil tem capacidade intelectual e ética buriladas na história por gerações que mantiveram nesses 200 anos é hoje uma das instituições mais importantes no Ocidente. Não só no Brasil.

CI — Por falar em biblioteca virtual, acha que o livro impresso nunca vai deixar de existir?
ML —
Esta questão é fantástica. Porque, de fato, existem múltiplos suportes. Você no seu cotidiano como eu, nós escolhemos, às vezes por urgência, o livro virtual. Muito antigamente havia o mimeógrafo, que eu mal peguei, xerox. Essa questão de migração tecnológica é muito importante. O mimeógrafo desbotava, a xerox também com o tempo se perde. Às vezes, com a migração tecnológica nos anos de 1990, você não consegue ter mais acesso aos disquetes. É um problema também de preservar. Uma coisa interessante é que as pessoas acreditam erroneamente, pelo menos acreditavam nos anos de 1990: para que manter uma biblioteca se tem a questão digital? Têm a ilusão de que digital é eternidade, que não requer a parte material. E não é assim. Nós temos de preservar, como biblioteca, todos os suportes. Mas não só pela migração tecnológica: pelo valor intrínseco. É como se você dissesse: ‘O Decameron está já digital, então vamos acabar com os Decamerons’. Não é assim. Há toda uma história bibliológica que os livros traduzem e montam. Eu estive, por exemplo, no início de março do ano passado, no Vaticano. E com um amigo muito querido, hoje não mais o diretor da Biblioteca Apostólica, cardeal e poeta, excelente poeta, aliás, dos grandes poetas da língua portuguesa, o José Tolentino de Mendonça. Fiz uma visita e fiquei encantadíssimo porque ele me levou a um bunker com o professor Manfredi. Tinham preparado uma coisa que quase fiquei de joelhos. Quase não, fiquei de joelhos literalmente por breve momento. Foram três obras: uma Eneida, de Virgílio, do século quinto; uma Divina Comédia que pertenceu a Petrarca; a terceira obra, simplesmente páginas do Diário de Michelangelo. Então foi um momento de grande sentimento e regozijo. É a relação de você sozinho vendo aquela obra. É por isso que as bibliotecas hoje precisam ter múltiplas tarefas. E, ao mesmo tempo em que elas exercem múltiplos saberes e tarefas, o bibliotecário tem hoje função absolutamente central. Numa época em que a internet é vista como infalível, grupos de WhatsApp recebem notícias completamente disparatadas que as pessoas acreditam. Então, o papel, hoje, de um bibliotecário é que tenha dois olhos, um para os átomos e outro para os bytes. Átomos e bytes, ao mesmo tempo. Pensar na difusão e na hierarquia segura da produção de metadados, tanto do livro, que sai impresso, em átomos, quanto do que sai em bytes, portanto de forma virtual. E não só ele precisa olhar isso tudo com grande ética e grande responsabilidade redigidas hoje de forma que não a de outrora por sociedade democrática onde a ciência tem papel de rigor e fundamento.

CI — Francesco Azzarello, embaixador italiano no Brasil, doou coleção da Divina Comédia…
ML —
Ele doou, em 2021, no Salão Negro do Congresso Nacional, exposição que renovou certa tradição, porque foi uma parte na Câmara dos Deputados e uma no Senado, embora no mesmo salão. Então fizemos a exposição redonda dos 700 anos de Dante (1265-1321). Belíssima. Sem o empenho do embaixador, provavelmente não teríamos

a possibilidade de realizar a exposição. Produziu catálogo muito bonito. As exposições passam, o catálogo permanece. Ele fez compra importante e doou para a Biblioteca Nacional volume belíssimo da Divina Comédia no qual até o rumor das páginas, quando você passa, corresponde ao original. Espero ter, internacionalizando ainda mais a Biblioteca Nacional, a proximidade também da Itália, com uma série de cooperação, protocolo. Gostaria muito de ter uma aproximação com o sistema de bibliotecas nacionais da Itália. A Itália tem Biblioteca Central, em Florença, mas possui outras bibliotecas nacionais. No Brasil, temos uma, no Rio de Janeiro, e tem essa capacidade de articulação de Biblioteca Nacional.

CI — Qual a importância da revista Comunità como veículo de difusão literária e elo entre Brasil e Itália?
ML — A iniciativa de Pietro Petraglia e de toda sua equipe responde pela necessidade de transmitir, comunicar e traduzir esta ponte essencial que liga milhões de ítalo-descendentes a duas pátrias. Este traço de união é a indicação de quão importante é a relação de diálogo a partir de centro difusor fraterno que olha para dois países e pensa na riqueza desta grande interface. A revista Comunità Italiana é resultado de interface histórica que perdura e há de construir passos futuros importantes.

CI — Há muitas obras em italiano na Biblioteca Nacional, no Rio?
ML —
Muitas! E obras raras, importantes. Por exemplo, Piranesi. Há discursos do Padre Vieira publicados em italiano, quando ele estava em Roma, falando em Sant’Antonio dei Portoghesi. O imperador Dom Pedro II era casado com Dona Teresa Cristina, então a relação com a Itália foi muito estreita. Há também quantidade de jornais italianos do século 20 anarquistas. Algo em torno de uma centena. Alguns totalmente em italiano, outros em italiano e português, outros só em português. Quando a biblioteca veio para o Brasil e Dom João VI a trouxe, a cultura italiana em Portugal era enorme. Basta pensar que Camões lírico deve bastante a Petrarca. Grandes da literatura, Shakespeare e Cervantes vieram da escola italiana. Portanto não causa espécie que a Biblioteca dos Reis, que antecede à Biblioteca Nacional, boa parte veio para cá, ela tem uma demografia italiana muito forte.

CI — Como usar sua experiência na presidência da Academia Brasileira de Letras agora na Biblioteca Nacional?
ML —
Não há dúvida alguma que a Academia Brasileira de Letras foi para mim escola importante. Sobretudo em tempos difíceis, quando a crise política, econômica e sanitária, juntas, realizaram não poucos desafios para a gestão da casa. O importante, naquele momento dramático de tanto luto, foi buscar de um lado todas as sinergias capazes de ampliar a pálida esperança que todos nós guardávamos com grande dificuldade. Por outro lado, criar formas de diálogo, de aproximação e de sociabilidades novas para que o isolamento da pandemia e todas as ameaças de ordem política não nos levassem ao naufrágio. Assim decidimos, quando o número de mortos não era vergonhosamente divulgado pelo governo, movermos a inteligência da Academia Brasileira de Letras para fazer a contagem. Mais tarde houve, para alívio de todos, o consórcio de imprensa que fez tudo o que o governo deveria ter feito e decidiu não fazer. Por outro lado, nós, ao mesmo tempo, convidamos diversos cientistas para que falassem no site da Academia porque, no momento, o governo produzia fake news e combatia tudo aquilo que era científico e de modo especial a vacina e jogava espécie de imunidade de rebanho irresponsável e genocida. Baixávamos a bandeira da Academia em sinal de luto, coisa que jamais havia acontecido, pelas mortes que o governo negava, torturando os números. E, ao mesmo tempo, abrimos laços de solidariedade com todas as formas de construção de conhecimento, bibliotecas, ampliamos as relações com a América Latina. Realizamos encontros virtuais com a América Latina, com a África, inovamos em múltiplos aspectos e foi preciso construir formas de sobrevivência econômica e enfrentar desafios imensos. Claro, que essa foi uma escola, mas gostaria de lembrar que foi escola a partir desse conjunto de três importantes e dramáticos horizontes, ou das três crises: política, econômica e sanitária. E ainda estamos trabalhando todos na República para avançar rumo a uma paisagem de base de harmonia e de adesão democrática.

CI — O que representa a Biblioteca Nacional?
ML —
Numa única frase posso dizer que na Biblioteca Nacional me sinto em casa, como quem respeita uma casa que não é exatamente a minha casa, mas a casa de todos os brasileiros. A ideia é tornar a Biblioteca plenamente democrática como o Brasil. Não que ela não fosse, mas devemos ter este lema o tempo todo: democracia. E o que seria isso na Biblioteca? Ampliar as visitas guiadas, que já são extraordinárias. Outro dia, num único dia, houve três mil visitantes. Ampliar as plataformas digitais, unir as distâncias que nos unem não nos separam mais. Trabalhar muito para que essas portas sejam, de fato, abertas. As reais e as virtuais. Estou muito feliz de estar na Biblioteca Nacional, é a instituição que eu mais amo no Brasil.

CI — E como foi esse ano sabático, depois de deixar a Presidência da Academia Brasileira de Letras antes de assumir a da Biblioteca Nacional?
ML —
Fiquei na Universidade de Nápoles, a Biblioteca do Palazzo Corigliano, com a Biblioteca Oriental, primeiro, lindíssima, como prédio, e rica, a mais não poder, de todos os orientes possíveis. Também acabei indo ao Paquistão para fazer uma palestra. Iria ficar lá uns dez, quinze dias, mas houve tentativa, um medo de golpe de estado. Aí tive de voltar, fiquei praticamente dois dias no Paquistão, mas mantendo laços com o país. Outro dia mandei flores para o túmulo de um poeta que eu adoro, chama-se Iqbal (1877-1938). Ele escreveu diálogo com Dante, maravilhoso, uma Divina Comédia dentro de universo poético muçulmano e de beleza estonteante. Então pedi, gentilmente, à Embaixada do Paquistão, em Brasília, que me ajudasse a mandar as flores ao túmulo desse grande poeta Iqbal. Dei palestras também em Portugal, em Paris, estive na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Antes de viajar à Itália estive com os índios no Brasil. Um dos últimos atos como presidente da ABL foi subir o Rio Negro, na Amazônia. Minha missão foi testemunhar o que a Marinha vinha fazendo, levar livros para as populações ribeirinhas. Os famosos navios da esperança. Gostaria de dizer que nós fizemos doações para hospitais. É importante que doentes e suas famílias tenham livros, possam abrir novas formas de sociabilidade. Também fiz ações com Daniel Souza, filho do Betinho, para que o livro integrasse a cesta básica. Colocamos livros com remédios e alimentos no protocolo da Marinha.

CI — E como foi essa última passagempela Itália?
ML —
Fiz muita coisa. Mas a opção foi voltar à minha grande paixão, que é a pintura italiana. Então voltei pela trilionésima vez a frequentar todos os infinitos e inesgotáveis pontos que me são centrais na Itália, percorrer muitas igrejas, museus com meu binóculo, que deixo sempre na Itália, para alcançar as partes mais altas das igrejas, os afrescos distantes. Deram-me título de cidadão honorário de Massarosa, local
de nascimento de meus pais. Eu nasci nesta terra brasileira que eles me ensinaram a amar. Porque nós somos brasileiros. É o amor e a gratidão de quem vai para um país e se sente acolhido neste país. Aí você ama duas vezes este país. Primeiro porque você nasceu nele, depois porque acolheu seus pais. E, hoje, terceira razão, a terra tornou-se sagrada porque meus pais e minha avó (já falecidos) estão em Niterói.

Per la cultura! Per la democrazia!

“Sono molto felice di essere alla Biblioteca Nazionale. È l’istituzione che amo di più in Brasile”. Poeta, scrittore, romanziere, editorialista da anni di questa Comunità, di cui è cofondatore e membro del comitato di redazione, ed ex presidente dell’Academia Brasileira de Letras, della quale occupa la cattedra numero 15, Marco Lucchesi si fa carico della gestione della più significativa istituzione culturale del Paese con la lodevole, emergente ed imprescindibile missione di riscattare la sua importanza democratica, persa negli ultimi anni a causa di un governo che si opponeva francamente alla cultura e all’istruzione

Sangue italiano in un’istituzione più antica dell’Indipendenza del Brasile. In altre parole, il carioca Marco Lucchesi, ex presidente dell’Accademia Brasiliana di Lettere (ABL), figlio di immigrati toscani, è diventato il presidente della Biblioteca Nazionale, a Rio de Janeiro, fondata nel 1810, con l’arrivo della famiglia reale portoghese dall’altra parte dell’Atlantico.

Poco prima di assumere l’incarico di presidente della fondazione che custodisce il patrimonio bibliografico e documentario del Paese, Lucchesi ha parlato con Comunità dei suoi progetti nell’ambito di arricchire ulteriormente la cultura brasiliana. Quando è stato invitato dalla ministra della Cultura, Margareth Menezes, stava visitando la terra dei suoi antenati, in Toscana.

Comunità Italiana — Come è nato questo invito a dirigere la Biblioteca Nazionale?
Marco Lucchesi —
È stato davvero inaspettato. Ero a Massarosa, provincia di Lucca, la prima città liberata dai soldati brasiliani nella seconda guerra mondiale, che ha dei profondi legami, come puoi immaginare, con i miei antenati. Ho passato un anno sabbatico lontano dal Brasile, lavorando all’Università di Napoli. Non me l’aspettavo. Il mio amore per la Biblioteca Nazionale è sempre stato immenso sin dalla mia giovinezza. Poi ho organizzato cinque o sei mostre con dipendenti, ho diretto la rivista Poesia Sempre, ho pubblicato produzioni di libri rari, conferenze. Insomma, un rapporto continuo che è iniziato nel 1979, da lettore quale ero, un adolescente, innamoratissimo della bellezza dei libri antichi, commosso dalla scoperta del contenuto che è stato prodotto 500, 400 anni fa. Ero emozionato anche dal fatto che altre mani avevano preceduto le nostre mani attuali, che a loro volta precedono quelle dei futuri lettori. Per me è un oggetto di grande fascino. Così, quando il 30 dicembre ho avuto la piacevole sorpresa di ricevere una telefonata dalla Ministra, naturalmente sono tornato il prima possibile. Non mi sono nemmeno recato direttamente a casa. Sono andato subito a Brasilia, al Ministero, ho ringraziato molto la ministra ed ho scherzato con lei che dovevo risolvere un grosso problema. Quale? La mia famiglia in Italia ed i miei amici sono rimasti molto tristi perché me ne sono andato con un mese e mezzo di anticipo. Poi, il giorno dopo, non sono nemmeno rimasto a casa, sono andato direttamente alla Biblioteca Nazionale per parlare, salutare i dipendenti. Li conosco quasi tutti. È stato un momento, per me e per molti di loro, di grande emozione perché amo la Biblioteca Nazionale verso la quale ho un debito come quello che si ha nei confronti dell’affetto materno. La biblioteca non è solo a Rio de Janeiro, non è solo in Brasile, ma è ovunque, è la madre che accoglie. Accoglie la cittadinanza, apre le sue porte. In modo digitale, virtuale, ma anche fisico. Queste due porte sono oggi fondamentali per comprendere il ruolo di una Biblioteca Nazionale.

CI — E come è stata questa rinascita del Ministero della Cultura?
ML —
Per noi è un punto nevralgico. Per molti anni il Ministero della Cultura è stato sciolto. La Segreteria della Cultura, infatti, nel suo insieme, è stata trattata come una questione psicopatica, come qualcosa di dannoso. Gli artisti, gli scrittori, chi lavora con la cultura, gli insegnanti sono stati vittime di aberrazioni. È stato un momento davvero buio, di una delle figure più nefaste che abbia ricoperto la carica di Presidente della Repubblica e che abbia lasciato una scia di distruzione, di inquinamento istituzionale i cui effetti perdurano ancora. Noi, società civile e governo, dobbiamo lavorare sodo perché ciò che ci accomuna non è la follia di pochi, ma l’impegno democratico perché le persone possano respirare, esprimere idee,
venire vietate di lanciare bombe. Insomma, il minimo grado di civiltà del famoso contratto sociale, ancor prima del XVI secolo, mostra precisamente qual è il ruolo dello Stato e quello della cittadinanza. Le cose più ovvie. Ora non è più necessario rendersi conto che la Terra è rotonda. Adesso non è più necessario sapere che la cultura è fondamentale, che la scienza va ascoltata. Siamo tornati alla normalità, cioè dal 31 dicembre al 1 gennaio il Brasile ha fatto un salto di cinque secoli. È tornato a partecipare al Concerto delle Nazioni e alle conquiste di civiltà che il governo Bolsonaro aveva completamente distrutto.

CI — Quali sono le tue prime impressioni sullo stato attuale della Biblioteca Nazionale?
MC —
In questo momento, ho potuto solo camminare dentro la Biblioteca Nazionale. Questa passeggiata è durata circa sei ore, parlando con tutti, dai servizi generali, agli elettricisti, ai ricercatori, ai capi settore. Sto lavorando giorno e notte e ascolterò tutti. Credo che una delle maggiori urgenze, non solo per la Biblioteca Nazionale del Brasile, ma per le biblioteche di tutto il mondo, sia il rapporto tra la conservazione dello spazio e la conservazione vera e propria. Ogni anno vengono pubblicati almeno un milione di libri. Non è che tutte le biblioteche del mondo debbano prenderli tutti. Abbiamo un elemento molto importante qui: l’ottava biblioteca del mondo. La Biblioteca Nazionale ha tale denominazione per obbligo di legge, di essere il deposito legale. Tutto ciò che è pubblicato in Brasile deve raggiungere la Biblioteca Nazionale. Quindi si può immaginare il volume sempre insufficiente di tutte le biblioteche. Il problema è aumentato soprattutto dal 15° al 16° secolo, con la riproduzione grafica, e dal 19° secolo fino al 20° secolo con la sua esplosione assoluta. Quindi, una delle sfide è espandere la conservazione e lo spazio fisico. Lo spazio è ovvio. La gente pensa che la conservazione del materiale sia l’unica cosa che dobbiamo fare. Ma non è così. C’è anche la conservazione di ciò che è virtuale, che richiede somme di tempo e di spese. Ad esempio, la migrazione tecnologica. Tutto ciò si pone come la sfida quotidiana delle biblioteche nel mondo. Penso che lo esprima molto bene il motto dell’attuale governo: ricostruzione. La Biblioteca Nazionale è un grande specchio, capace di coprire tutte le forme polifoniche brasiliane. Quindi è uno specchio che non è narcisista, ma che riflette l’immagine della nostra pluralità. Tanto che quando si tratta di ricostruire, questa è un’idea per il Brasile, per le relazioni umane, la Biblioteca Nazionale
è uno di quei grandi specchi che ci individua, ci indica in qualche modo da dove veniamo. È la nostra competenza dire, collettivamente, dove stiamo andando. Perciò, una biblioteca che è la più antica istituzione culturale del Brasile ha delle capacità intellettuali ed etiche affinate durante la storia da generazioni che l’hanno mantenuta in questi 200 anni, ed è oggi una delle istituzioni più importanti dell’Occidente. Non solo in Brasile.

CI — A proposito di biblioteche virtuali, pensi che il libro stampato non cesserà mai di esistere?
ML —
Questa domanda è fantastica. Perché, in effetti, ci sono più supporti. Tu nella tua quotidianità come me, scegliamo, a volte per urgenza, il libro virtuale. Ai vecchi tempi c’era il ciclostile, che l’ho visto a malapena, e la fotocopia. La questione della migrazione tecnologica è molto importante. Il materiale prodotto con il ciclostile si sbiadiva, anche la fotocopia viene perduta nel tempo. A volte, così come è successo con la migrazione tecnologica degli anni ’90 sui floppy disk, non è più possibile accedere ai materiali. È pure un problema di conservazione. Una cosa interessante è che le persone pensano erroneamente, almeno ragionavano così negli anni ’90: perché mantenere una biblioteca se c’è il materiale digitale? Si ha l’illusione che il digitale sia eterno, che non richieda la parte materiale. E non è così. Dobbiamo preservare, come biblioteca, tutti i supporti. Non solo per la migrazione tecnologica, ma per il valore intrinseco. È come se tu dicessi: ‘Il Decameron è già digitale, quindi smettiamola con i Decameron’. Non è così. C’è tutta una storia bibliologica che i libri traducono e assemblano. Sono stato, per esempio, all’inizio di marzo dell’anno scorso, in Vaticano con un carissimo amico, oggi non più direttore della Biblioteca Apostolica; cardinale e poeta, un eccellente poeta tra l’altro, uno dei grandi poeti della lingua portoghese, José Tolentino de Mendonça, l’ho visitato e sono stato felicissimo perché mi ha portato in un bunker con il professor Manfredi. Avevano preparato qualcosa che mi ha quasi messo in ginocchio. Quasi no, sono stato letteralmente in ginocchio per un breve momento. Le opere erano tre: un’Eneide, di Virgilio, del V secolo; una Divina Commedia appartenuta al Petrarca; la terza opera, semplicemente erano pagine del Diario di Michelangelo. Quindi è stato un momento di grande emozione e gioia. C’è una relazione intrapersonale tra te e te mentre guardi da solo quelle opere. Ecco perché oggi le biblioteche devono essere multitasking. Pur esercitando molteplici saperi e compiti, il bibliotecario ha oggi un ruolo assolutamente centrale. In un’epoca in cui Internet è considerato infallibile, i gruppi di WhatsApp ricevono notizie completamente prive di senso a cui le persone credono. Quindi, il ruolo di un bibliotecario, oggi, è quello di avere due occhi, uno per gli atomi e l’altro per i byte. Atomi e byte allo stesso tempo. Si pensa alla diffusione e alla gerarchia sicura della produzione dei metadati, sia per il libro, che viene stampato, in atomi, sia per quello che esce in byte, quindi virtualmente. Comunque non solo il bibliotecario ha bisogno di guardare tutto questo con grande etica e grande responsabilità redatta oggi da una società democratica dove la scienza ha un ruolo di rigore e di fondamento, in una forma che non esisteva in passato.

CI — Francesco Azzarello, Ambasciatore d’Italia in Brasile, ha donato la raccolta della Divina Commedia…
ML —
L’ha donata, nel 2021, al Salão Negro del Congresso Nazionale, in una mostra che ha rinnovato una certa tradizione, perché c’era una parte alla Camera dei Deputati e una al Senato, anche se nello stesso salone. Così abbiamo fatto la mostra rotonda dei 700 anni di Dante (1265-1321). È stata meravigliosa. Senza l’impegno dell’Ambasciatore
probabilmente non saremmo riusciti ad avere la mostra. Il catalogo prodotto era molto bello. Le mostre passano, il catalogo resta. Fece un acquisto importante e donò alla Biblioteca Nazionale un bel volume della Divina Commedia in cui anche il fruscio delle pagine, quando lo si sfoglia, corrisponde all’originale. Spero di avere, internazionalizzando ulteriormente la Biblioteca Nazionale, vicinanza anche all’Italia, con una serie di collaborazioni e di protocolli. Mi piacerebbe molto avvicinarmi al sistema bibliotecario nazionale italiano. L’Italia ha la Biblioteca Centrale a Firenze, ma ha altre biblioteche nazionali. In Brasile ne abbiamo una, a Rio de Janeiro, che ha la capacità di coordinamento di una Biblioteca Nazionale.

CI — Qual è l’importanza della rivista Comunità come veicolo di divulgazione letteraria e collegamento tra Brasile e Italia?
ML — L’iniziativa di Pietro Petraglia e di tutto il suo team risponde all’esigenza di trasmettere, comunicare e tradurre questo ponte essenziale che unisce milioni di oriundi d’Italia alle due patrie. Questo tratto unificante è l’indice di quanto sia importante la relazione di dialogo da parte di un fraterno centro diffusore che guarda i due Paesi e pensa alla ricchezza di questa grande interfaccia. La rivista Comunità Italiana è il risultato di un’interfaccia storica duratura e che costruirà importanti passi futuri.

CI — Ci sono molte opere in italiano nella Biblioteca Nazionale di Rio?
ML —
Molte! E sono opere rare, importanti. Ad esempio: Piranesi. Ci sono discorsi del parroco Vieira pubblicati in italiano quando era a Roma, parlando nella chiesa Sant’Antonio dei Portoghesi. L’imperatore Dom Pedro II era sposato con la signora Teresa Cristina, quindi il rapporto con l’Italia era molto stretto. Ci sono anche alcuni giornali anarchici italiani del Novecento. Qualcosa intorno ad un centinaio. Alcuni completamente in italiano, altri in italiano e portoghese, altri solo in portoghese. Quando la biblioteca arrivò in Brasile e Dom João VI la portò, la cultura italiana in Portogallo era enorme. Basti pensare che Camões lirico deve molto a Petrarca. I grandi della letteratura, Shakespeare e Cervantes provenivano dalla scuola italiana. Non stupisce quindi che la Biblioteca dei Re, che precede la Biblioteca Nazionale, sia arrivata in buona parte qui e che abbia una demografia italiana molto forte.

CI — Come puoi utilizzare la tua esperienza come presidente dell’Accademia Brasiliana di Lettere ora alla Biblioteca Nazionale?
ML —
Non c’è dubbio che l’Accademia Brasiliana di Lettere sia stata per me una scuola importante. Soprattutto in tempi difficili, quando la crisi politica, economica e sanitaria insieme, ha creato tante sfide per la gestione della casa. L’importante, in quel momento drammatico di tanto lutto, era cercare tutte le sinergie capaci di ampliare quella pallida speranza che tutti con grande fatica custodivamo. Dall’altra parte, si dovevano creare forme di dialogo, di avvicinamento e di nuova socialità perché l’isolamento della pandemia e tutte le minacce di natura politica non ci portassero al naufragio. Così, quando il bilancio delle vittime non veniva vergognosamente rivelato dal governo, abbiamo deciso di spostare l’intelligence dell’Accademia Brasiliana di Lettere per fare il conteggio. Poi c’è stato, con il sollievo di tutti, il consorzio della stampa che ha fatto tutto quello che il governo avrebbe dovuto fare e ha deciso di non farlo. D’altra parte, abbiamo contemporaneamente invitato diversi scienziati a parlare sul sito dell’Accademia perché, all’epoca, il governo produceva fake news e combatteva tutto ciò che era scientifico, soprattutto il vaccino, eppure scommetteva su di una sorta di immunità di gregge, un atteggiamento irresponsabile e genocida. Abbiamo abbassato la bandiera dell’Accademia in segno di lutto, cosa mai accaduta prima, per i morti che il governo ha negato, torturando i numeri. E, allo stesso tempo, abbiamo creato legami di solidarietà con tutte le forme di costruzione della conoscenza, biblioteche, ed abbiamo allargato le relazioni con l’America Latina. Abbiamo fatto incontri virtuali con l’America Latina, con l’Africa, abbiamo innovato in molteplici aspetti ed è stato necessario costruire forme di sopravvivenza economica
ed affrontare sfide immense. Certo, questa è stata una scuola, ma vorrei ricordarvi che è stata una scuola basata su questo insieme di tre orizzonti importanti e drammatici, ovvero le tre crisi: politica, economica e sanitaria. E ci stiamo ancora lavorando, tutti noi della Repubblica, per avanzare verso un paesaggio di base di armonia e di adesione democratica.

CI — Cosa rappresenta la Biblioteca Nazionale?
ML —
In una sola frase posso dire che alla Biblioteca Nazionale mi sento a casa, come uno che rispetta una casa che non è esattamente la mia casa, ma la casa di tutti i brasiliani. L’idea è di rendere la Biblioteca pienamente democratica come il Brasile. Non che non lo fosse, ma dobbiamo avere sempre questo motto: la democrazia. E cosa significherebbe questo in Biblioteca? Ampliare le visite guidate, che sono già straordinarie. Qualche giorno fa, in un solo giorno, ci sono stati tremila visitatori. Espandere le piattaforme digitali, colmare le distanze che ci uniscono e non ci separano più. Lavorare sodo affinché queste porte siano, di fatto, aperte. Quelle reali e quelle virtuali. Sono molto felice di essere alla Biblioteca Nazionale, è l’istituzione che amo di più in Brasile.

CI — E com’è stato questo anno sabbatico, dopo aver lasciato la presidenza dell’Accademia brasiliana di lettere prima di assumere quella della Biblioteca Nazionale?
ML —
Ho soggiornato all’Università di Napoli, dove c’è la Biblioteca di Palazzo Corigliano, con la Biblioteca Orientale, che innanzitutto è bella come edificio, e ricca, il più possibile, di tutte le opere orientali possibili. Ho anche finito per andare in Pakistan per tenere una conferenza. Sarei rimasto lì dieci o quindici giorni, ma c’è stato un tentativo, la paura di un colpo di stato. Dopo ciò sono dovuto tornare indietro, sono rimasto praticamente due giorni in Pakistan, ma ho mantenuto i legami con il Paese. L’altro giorno ho inviato fiori alla tomba di un poeta che adoro, si chiama Iqbal (1877-1938). Ha scritto un dialogo con Dante, meraviglioso, una Divina Commedia all’interno di un universo poetico musulmano e di una bellezza sbalorditiva. Così ho gentilmente chiesto all’Ambasciata del Pakistan, a Brasília, di aiutarmi a inviare dei fiori alla tomba di questo grande poeta Iqbal. Ho anche tenuto conferenze in Portogallo, a Parigi e sono stato all’Unesco (Organizzazione delle Nazioni Unite per l’Educazione, la Scienza e la Cultura). Prima di partire per l’Italia sono stato con gli indigeni in Brasile. Uno degli ultimi atti da presidente dell’ABL è stato quello di risalire il Rio Negro, in Amazzonia. La mia missione era testimoniare cosa stava facendo la Marina, portando libri alle popolazioni lungo il fiume. Le famose navi della speranza. Vorrei dire che li abbiamo donati agli ospedali. È importante che i pazienti e le loro famiglie abbiano dei libri, che possano aprire nuove forme di socialità. Ho anche svolto azioni con Daniel Souza, il figlio di Betinho, in modo che il libro fosse incluso nel paniere alimentare di base. Abbiamo inserito libri con medicine e cibo nel protocollo della Marina.

CI — E com’è stato quest’ultimo viaggio in Italia?
ML — Ho fatto molte cose. Ma la scelta era tornare alla mia grande passione, che è la pittura italiana. Così sono tornato per la trilionesima volta a frequentare tutti gli infiniti e inesauribili posti d’Italia che per me sono centrali, visitando tante chiese e musei con il mio binocolo, il quale lascio sempre in Italia, per raggiungere le parti più alte delle chiese e gli affreschi lontani. Sono stato nominato cittadino onorario di Massarosa, paese natale dei miei genitori. Io sono nato in questa terra brasiliana che loro mi hanno insegnato ad amare. Perché siamo brasiliani. Questi sono l’amore e la gratitudine di chi va in un Paese e ci si sente accolto. Perciò questo Paese viene amato due volte. Prima perché ci sono nato, poi perché ha accolto i miei genitori. E oggi, c’è anche un terzo motivo: la terra è diventata sacra perché i miei genitori e mia nonna (ora deceduti) sono a Niterói.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

Leia também outras matérias da nossa revista.



Comentários