Uma das cantoras favoritas do maestro Herbert von Karajan e amiga de infância do tenor Luciano Pavarotti, ela sucumbiu aos 84 anos a uma doença degenerativa
Última de uma linha de sopranos italianas que provocavam ovações apenas com a entrada em cena, como Renata Tebaldi, Licia Albanese, Magda Olivero, Maria Caniglia, Amelita Galli-Curci e Luisa Tetrazzini, Mirella Freni morreu no domingo (9) em sua casa, em Modena, Itália, aos 84 anos, de uma doença muscular degenerativa e uma série de derrames, de acordo com seu gerente, Jack Mastroianni, da IMG Artists.
Apelidada pelo dramaturgo da Broadway Albert Innaurato de “a última prima donna”, Freni era uma cantora de ópera cujas elegância e intensidade incomuns combinadas com uma voz e uma inteligência suntuosas encantaram o público por meio século.
Quando ela estreou no Metropolitan Opera, em Nova York, como Mimi em “La Bohème”, de Puccini, em 1965, a soprano croata Zinka Milanov foi aos bastidores e disse ao gerente assistente Francis Robinson: “Ela é tão maravilhosa, essa garota, parece uma jovem eu.”
Desde sua estréia profissional no Teatro Municipale de Modena como Micaëla em “Carmen”, de Bizet, em 3 de março de 1955, até a despedida dos palcos como Joana d’Arc, em “A dama de Orleans”, de Tchaikovsky, na Ópera Nacional de Washington, em 11 de abril de 2005, Freni escolheu papéis com cuidado e cautela.
Em 1961, Freni estreou na Royal Opera House como Nannetta em “Falstaff”, de Verdi, e em 1963 no La Scala, também como Nanetta. Freni se tornou uma das cantoras favoritas do maestro Herbert von Karajan, trabalhando com ele em óperas e concertos.
Nascida Mirella Fregni em 27 de fevereiro de 1935, em Modena, ela mudou a grafia do sobrenome, pensando que seria mais fácil pronunciar. Sua tia era a soprano Valentina Bartolomasi, e, quando bebê, Mirella teve a mesma ama de leite que o menino nascido sete meses e meio depois, que se tornaria o cantor mais famoso de Modena: Luciano Pavarotti. “Você pode ver quem tomou todo o leite!”, disse ela certa vez.
As mães de Freni e Pavarotti trabalhavam na mesma fábrica, e a soprano disse que às vezes vestiam os dois com roupas idênticas.
“Mirella Freni foi um dos maiores sopranos a cantar no palco do Met”, disse o gerente geral da Metropolitan Opera Peter Gelb em comunicado, no domingo. “Ao longo de uma carreira no Met que durou quatro décadas, Mirella foi a heroína consumada de Puccini e Verdi, sempre cantando com beleza e graça e partindo o coração de nosso público com suas performances emocionantes. Se houvesse um corredor da fama operístico, ela seria consagrada por unanimidade na primeira votação.”