O Rio já viu muitas exposições de Alfredo Volpi, mas a curadora Vanda Klabin conseguiu, numa pesquisa em coleções particulares, encontrar obras raramente ou nunca antes expostas. Na mostra "Volpi: dimensões da cor", aberta ao público no Instituto Moreira Salles (IMS), Vanda olha para o Volpi do fim dos anos 1950 e do início dos 60, momento em que o pintor abandona as paisagens e marinhas e começa a delinear os elementos que marcariam toda a sua produção artística posterior.
– É um período muito significativo e fecundo na obra do Volpi, em que ele introduz elementos puramente abstratos, com os quais sedimenta seu afastamento do naturalismo – afirma Vanda.
Em seu caminho para a geometria, Volpi, sem nunca se filiar a movimentos artísticos, recebeu influência de concretos e neoconcretos. Uma série de obras na exposição representa essa aproximação, causando um estranhamento em relação ao que mais se conhece de Volpi. Numa montagem sem divisórias, em que todas as obras são vistas em conjunto, o visitante pode atentar para as relações entre essas telas e outras mais diretamente identificadas com Volpi, como a geometria das suas famosas bandeiras, que começaram a aparecer em meados da década de 1950 – e que nada mais são, como mostra Vanda, elementos geométricos, cada qual um "quadrado do qual se retira um triângulo".
Depois do flerte com o concretismo, Volpi se afastou completamente do movimento e começou a explorar os signos que se repetem em sua obra posterior. Bandeiras, fachadas e elementos náuticos se alternam como elementos geométricos que se repetem, em diferentes combinações. Na mostra, Vanda põe lado a lado obras com composições semelhantes, em que o artista varia apenas as cores.
Fonte: Globo.com