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Mônaco analisa pedido de extradição de Cacciola

31 de janeiro de 2008 - Por Comunità Italiana

O ex-banqueiro Salvatore Cacciola compareceu nesta quinta-feira (31) ao Palácio de Justiça de Mônaco, onde está o Tribunal de Apelações que analisa o seu pedido de extradição, feito pelo governo brasileiro. A sessão teve início às 9h30 (hora local) e tem a presença dos advogados de Cacciola.

O representante do Ministério da Justiça brasileiro que está em Monte Carlo para acompanhar os desdobramentos do caso, pediu ao diretor dos serviços judiciários de Monaco, Philipe Narmino, autorização para acompanhar a audiência, mas não foi atendido.

A advogada italiana de Cacciola, Alexandra Mocci, disse que recebeu informações de que há problemas na tradução dos documentos. A audiência prossegue, sem horário para terminar.

Confiança

Há duas semanas, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou estar confiante na extradição de Cacciola. “Todos os canais da não extradição estão cobertos, estão obstruídos. Nós esperamos que haja extradição. Agora é uma decisão soberana, que compete exclusivamente ao Poder Judiciário de Mônaco", afirmou.

Salvatore Cacciola estava foragido desde 2000, quando foi preso em Mônaco, pela Interpol, no dia 15 de setembro. Ele foi condenado a 13 anos de prisão pela Justiça brasileira em 2005 por gestão fraudulenta, corrupção passiva e peculato. A acusação é de que teria se beneficiado de informações sigilosas sobre a desvalorização do real em relação ao dólar, em 1999, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O golpe teria dado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.

Condenado, Cacciola só passou 37 dias na cadeia. Depois de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-banqueiro fugiu para a Itália, de onde não foi extraditado por ter cidadania italiana. Agora, o governo tenta a extradição dele.

Entenda o caso

Cacciola se envolveu em um escândalo em janeiro de 1999, quando o real sofreu uma maxidesvalorização em relação ao dólar: o Banco Central elevou o teto da cotação do dólar de R$ 1,22 a R$ 1,32.

Com muitas dívidas assumidas em dólar, Cacciola teria pedido ajuda ao então presidente do BC, Francisco Lopes, que vendeu dólares por um preço mais barato do que o do mercado. A operação resultou num prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.

Na época do episódio, Francisco Lopes alegou que o dinheiro foi emprestado ao Marka e ao FonteCindam para evitar uma crise que abalaria todo o sistema financeiro nacional.

Em outubro de 2001, a Justiça determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e a indisponibilidade de bens de alguns dos envolvidos no caso: Salvatore Cacciola, Francisco Lopes, ex-diretores de BC Cláudio Mauch e Demósthenes Madureira de Pinho Neto e da a diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi. Na mesma ocasião, Teresa foi afastada do cargo.

Em 2005, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, condenou Francisco Lopes a dez anos de prisão por peculato – crime em que um funcionário público use o cargo para apropriar-se de dinheiro ou beneficiar outros ilegalmente. Na mesma sentença, foram condenados a ex-diretora do BC, Tereza Grossi a seis anos – e Cacciola.

 

Fonte: G1 

 

 

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