O Ministério da Defesa da Itália iniciou no domingo (23) a operação de evacuação de cidadãos que se encontram no Sudão, país africano que vive um conflito entre as Forças Armadas e paramilitares. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 105 italianos foram retirados de Cartum, capital sudanesa, e levados para o Djibouti, no Chifre da África, em um C-130 da Aeronáutica Militar e em um AM400 da Espanha. “A segurança dos aeroportos é garantida pelos fuzileiros da Força Aérea”, disse o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, afirmou que serão evacuadas cerca de 200 pessoas, incluindo 140 cidadãos italianos e 20 da União Europeia, além de suíços e funcionários da nunciatura apostólica, espécie de embaixada do Vaticano.
Entre os evacuados estão o embaixador da Itália no Sudão, Michele Tommasi, e pessoal diplomático. Os voos também transportaram 31 estrangeiros, incluindo cidadãos portugueses, australianos, gregos, britânicos e suecos.
Os italianos devem desembarcar em Roma no início da noite desta segunda-feira (24). “Todos estão bem, quero agradecer a quem participou dessa operação difícil”, disse Tajani.
Alguns voluntários e missionários permaneceram no país africano, mas, segundo o chanceler, todos aqueles que queriam ir embora foram evacuados.
“Mantive contato com os líderes das facções que combatem, e eles respeitaram o compromisso de garantir a segurança de nosso comboio”, acrescentou Tajani.
Diversos países também já se movimentam para retirar funcionários diplomáticos e cidadãos, como os Estados Unidos, que concluíram a evacuação de sua embaixada neste domingo.
O conflito no Sudão opõe os generais Abdel Fatah al-Burhan, chefe das Forças Armadas, e Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemedti e líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR).
Ambos são acusados de envolvimento nos massacres contra rebeldes no Darfur no início deste século e eram aliados de Omar al-Bashir, mas se juntaram para derrubar o ditador em 2019.
Burhan e Hemedti também protagonizaram o golpe contra um governo civil de transição em 2021, mas se distanciaram em meio a acusações mútuas de tentativas de concentrar o poder.
Enquanto Hemedti denuncia uma tentativa de restaurar o antigo regime de Bashir, Burhan quer integrar as FAR no Exército para reduzir a autonomia do grupo.
Em seu Angelus neste domingo, o papa Francisco fez um apelo para que os protagonistas do conflito “retomem o caminho do diálogo”. (com dados da Ansa)