Aplaudido de pé por longos minutos, o diretor italiano Marco Bellocchio recebeu no sábado (17) a Palma de Ouro honorária do Festival de Cinema de Cannes pelos feitos de sua brilhante carreira. A calorosa recepção que recebeu ao subir no palco do evento fez com que ele não escondesse as lágrimas. “Não tenho nada mais a dizer, a acrescentar”, disse visivelmente emocionado enquanto recebia o troféu das mãos de Paolo Sorrentino.
“Quero compartilhar esse prêmio com meus filhos Pier Giorgio e Elena, com o produtor Simone, que é quase como um filho adotivo para mim, e o grande Michael Piccoli, que quero lembrar aqui absolutamente”, disse no palco.
Aos 81 anos, Bellocchio é um dos diretores mais aclamados da Itália, com diversos filmes que emocionaram não só os italianos, mas os apaixonados por cinema em todo mundo. Mas, por ironia do destino, nenhuma das suas obras recebeu o prêmio máximo de Cannes – mesmo que dezenas deles tenham concorrido.
Pouco antes de entregar o troféu nas mãos do diretor, Sorrentino mostrou um carinho imenso por Bellocchio, algo bastante raro de ver entre os cineastas.
“Eu tenho um sentimento de admiração, de muita estima. Ultimamente, a gente está se vendo mais e tem um grande afeto humano. Eu, além disso, tenho uma personalidade carente e conhecê-lo melhor, faz com que eu possa imitá-lo”, disse Paolo Sorrentino.
Sobre o último lançamento do diretor, “Marx Può Aspettare”, que foi apresentado e longamente aplaudido na seção “Premiere” da edição deste ano de Cannes, Sorrentino afirmou que trata-se de “uma obra-prima sob todos os aspectos, de honestidade, de sinceridade, da perda com brutalidade que é apresentada”.
“É algo raro, é como se estivesse no ponto de chegada, mas também é o ponto de partida. É um filme muito potente com ideias maravilhosas. Quando acabou, eu fiquei triste porque queria ainda acompanhar a história”, acrescentou Sorrentino.
O documentário é uma obra bastante pessoal de Bellocchio, pois aborda o suicídio de seu irmão gêmeo aos 29 anos de idade. (com dados da Ansa)