Nesta sexta-feira, 20/09, o Museu Nazionale Scienza e Tecnologia Leonardo da Vinci, em Milão, será o palco do evento de moda sustentável “Beyond the Claim”, 3ª edição, que conta com quatro marcas brasileiras: Camila Machado, Las Gringas, Natural Cotton Color e Val Valadares.
As marcas receberam apoio do Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), mantido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), consolidando a presença do Brasil neste evento de moda sustentável durante a Semana da Moda de Milão. O desfile também contará com o apoio institucional do Consulado Geral do Brasil em Milão e da Associação Brasileira para Moda Sustentável (Abrimos).
De acordo com a Cognitive Market Research, o mercado global de moda sustentável está estimado em 7,91 bilhões de dólares e deve crescer 23,5% entre 2024 e 2031.
Lilian Kaddissi, superintendente de projetos da Abit, ressalta: “O Brasil, celeiro da biodiversidade, traz para a passarela italiana marcas com foco na sustentabilidade e na valorização da cultura local. Essa participação durante a Semana de Moda de Milão é muito relevante para mostrar ao mundo o que o nosso país tem de melhor a oferecer em termos de design, criatividade e respeito ao meio ambiente”
As marcas Camila Machado, Las Gringas, Natural Cotton Color e Val Valadares ressaltam o compromisso com a sustentabilidade e práticas que respeitam o meio ambiente, valorizam o trabalho artesanal e geram impacto social positivo. Todas lideradas por mulheres empreendedoras que representam a força do segmento no Brasil.
Rafael Morais, diretor executivo da Brasil Eco Fashion, explica ao dizer que “as marcas escolhidas estão integradas ao nosso ecossistema e buscam ampliar mercados internacionais. Elas representam a criatividade da moda brasileira, trazendo um apelo cultural único. A coleção ‘Marajoara’ é inspirada no grafismo dos povos ancestrais que habitaram a Ilha de Marajó e a ‘Calunga’, inspirada no Maracatu, manifestação cultural do Carnaval. Queremos destacar a força criativa e o impacto positivo que essas marcas geram, promovendo uma moda que também é culturalmente rica.”
Val Valadares: cultura Amazônica com grafismo marajoara
Val Valadares exalta a cultura amazônica através de criações de vestidos de festa, sempre respeitando o conceito de slow fashion, na coleção Cápsula Marajoara, inspirada no grafismo marajoara dos povos ancestrais que habitaram a Ilha de Marajó há 12 mil anos. Suas peças mesclam ancestralidade e contemporaneidade e homenageiam o trabalho de gerações de mulheres marajoaras que, por meio da moda, contam suas histórias e preservam seu legado. A coleção também presta tributo ao Padre Giovanni Gallo, um italiano que dedicou 30 anos de sua vida à valorização do povo marajoara.
Val Valadares, estilista autodidata de origem quilombola, vem transformando o seu conhecimento em renda, e planeja transformar seu ateliê em uma escola de moda para inspirar outras mulheres a seguir seus passos.
Natural Cotton Color: algodão orgânico da agricultura familiar
A marca utiliza algodão orgânico que já nasce colorido, eliminando tingimentos e economizando até 87,5% de água. O algodão é cultivado pela agricultura familiar e comunidade quilombola, com contratos de compra garantida, além de envolver mulheres rurais na produção artesanal, criando uma cadeia justa e sustentável.
Em Milão, a coleção Calunga, inspirada no Maracatu, manifestação cultural do carnaval da Paraíba e de Pernambuco, desfila com calçados Pacoa e bolsas Makano, reforçando parcerias costuradas pela moda sustentável do Brasil. A coleção criada por Francisca Vieira, CEO da empresa, com o estilista Leo Mendonça e direção criativa de Elis Janoville, apresenta tecidos inovadores como o denim, desenvolvido com o Senai, o jacquard em dois tons do algodão colorido, feito pela Ecosimple, e malhas com seda da Casulo Feliz e da Bratac.
Francisca Vieira, fundadora da marca, é uma visionária que viu no algodão colorido da Paraíba uma oportunidade de resgatar a produção local. Com formação em Psicologia industrial e Engenharia de produção, ela lidera a expansão do algodão orgânico por meio da moda, ajudando a colocar a Paraíba de volta no mapa da produção mundial.
Las Gringas: moda com tecidos biodegradáveis
A marca Las Gringas, fundada pela paulistana Annete Lima, produz roupas para pessoas preocupadas com as gerações futuras. Especializada em modelagem industrial e design de moda, a estilista apresenta criações com tecidos sustentáveis e biodegradáveis, como o Amni Soul Eco®, fabricado pela Santaconstancia Tecelagem, e são livres de tóxicos prejudiciais à pele, reconhecidos pela certificação internacional Oeko-Tex®. Além disso, a marca destina parte das vendas a ONGs que cuidam do meio ambiente, reforçando seu compromisso com a responsabilidade social.
Em Milão, a coleção Las Gringas deve apresentar paleta solar, que captura a magia efêmera dos tons do pôr do sol. Cada peça é uma interpretação poética desses matizes, refletindo a luminosidade e o calor da luz do entardecer, em tons perfeitos para quem deseja irradiar energia e se tornar mais solar.
Camila Machado: vestidos de festa com consciência ecológica
Camila Machado é uma artista têxtil que combina sua formação em Relações Internacionais, Fotografia, História da Arte e Antropologia com mais de 15 anos de experiência no desenvolvimento de produtos sustentáveis.
A marca atua no mercado de noivas, no segmento mini wedding, que tem como característica cerimônias mais intimistas e criativas. Para criar vestidos de noiva e de festas, além de sapatos, utiliza técnicas artesanais, como moulage, impressão botânica e tingimento natural. Além disso, promove a circularidade ao oferecer alternativas como aluguel de vestidos.
A coleção a ser apresentada em Milão surgiu do projeto ALMAzônia, uma expedição ao sul da Amazônia para conscientizar clientes, artistas e estudantes sobre as questões ambientais e promover reflexão sobre o impacto das nossas escolhas no planeta. Desde então, a região virou fonte de estudo sobre plantas tintórias.
(Dados da Brasil Eco Fashion)