Alessia Piperno, a italiana presa no Irã no dia de seu aniversário de 30 anos, é mantida como prisioneira na penitenciária de Evin, em Teerã. Segundo a agência italiana de notícias ‘Ansa’, Piperno foi levada para essa prisão logo após sua detenção, ocorrida em 28 de setembro. De lá, ela teria ligado para sua família na Itália para pedir ajuda.

O caso eclodiu em meio à onda de protestos no Irã por causa da morte sob custódia policial da jovem Mahsa Amini, 22 anos, que havia sido detida por uso incorreto do véu islâmico.

No entanto, as exatas circunstâncias da prisão de Piperno ainda são desconhecidas. “Estamos muito preocupados. Infelizmente, a situação não é boa”, disse Alberto Piperno, pai da italiana, na última segunda-feira (3).

A viagem ao Irã foi uma das muitas que a romana Alessia Piperno estava fazendo ao longo dos últimos sete anos, desde que decidiu se tornar uma conhecida blogueira de viagens nas redes sociais. O roteiro da italiana incluia o Curdistão, zona monitorada de perto pelas autoridades de Teerã por abrigar uma forte oposição ao regime dos aiatolás.

Em seu blog, a italiana defendeu os protestos contra o uso obrigatório do véu, porém também expressou medo de se ver envolvida na repressão às manifestações.

De acordo com seu pai, dono de uma livraria no bairro de Tuscolano, em Roma, Alessia não dava notícias desde 28 de setembro, dia em que completou 30 anos.

“Até seu último acesso ao celular informa essa data. Esta manhã [segunda-feira passada (3)], uma ligação foi recebida. Era ela quem estava chorando e nos avisou que estava na prisão em Teerã”, escreveu ele no Facebook, acrescentando que a jovem foi presa com seus amigos, estava desesperada e pediu ajuda.

Até o momento, não há confirmação oficial sobre a história e a publicação do pai foi removida das redes sociais, após ser compartilhada várias vezes.

No post, o pai diz que a filha “é uma viajante solitária, viaja o mundo para conhecer os costumes e tradições dos povos: sempre adaptou e respeitou as tradições e, em alguns casos, as obrigações de cada país que ela visitou”.

“Nós, pais e irmão David, não podemos ficar parados. Você não pode ficar parado quando uma criança lhe diz ‘por favor, me ajude’. Eu quero que isso seja conhecido e que essa notícia chegue ao maior número de pessoas possível, talvez para a direita que pode nos ajudar. Obrigado”, conclui o pai da italiana.

Segundo ONGs, a repressão da polícia aos protestos no Irã já provocou dezenas de mortes e feridos. (com dados da Ansa)