Ítalo-brasileiro Marco Lucchesi envia carta aberta de agradecimento ao presidente da Itália, Sergio Mattarella

Caríssimo Presidente Sergio Mattarella,
Agradeço, senhor Presidente, por essa visita histórica, memorável. O chefe de Estado, tão respeitado e aplaudido na Europa, vemconhecer a república dos livros, a Biblioteca Nacional, uma das dez mais importantes do mundo, segundo dados da Unesco.
Essa casa dos livros, da cidadania e da democracia é parte essencial da História do Brasil.
Um sincero agradecimento pessoal, e de meus familiares, falecidos, Presidente, que da pequena Massarosa foram libertados pelos valentes soldados brasileiros, os pracinhas da Feb, que venceram o terror nazista, há exatos 80 anos, em meio a tantasruínas e esperanças.
Durante sua visita, querido Presidente Mattarella, celebramos os 150 anos da migração italiana para o Brasil.
O que guardam em comum a sua presença na Biblioteca, a chegada dos imigrantes e aexposição desta noite?
O senhor sabe, Presidente, que após a oração de São Bernardo à Virgem, no canto 33 do Paraíso, há uma expectativa na orquestra dos olhos, uma esperança de que a “visão” final “se manifeste”.
Passamos, agora, do poder dos olhos à sinergia das mãos.
As mãos dos imigrantes, operários, agricultores, artesãos, cuja habilidade manual é reconhecida no mundo inteiro. Mãos ásperas ou calejadas, mãos que sulcam a terra e por essa mesma terra foramigualmente sulcadas. Mãos que testemunham um sim à vida, ao trabalho, à dignidade.
As mãos, estimado Presidente, de servidores e colaboradores da Biblioteca Nacional, das servidoras e servidores, que com rara habilidade prepararam os desenhos e gravuras italianas, mãos protetoras, que guardam nossos tesouros desde 1810.
E, afinal, querido Presidente Mattarella, suas próprias mãos, sensíveis e atentas, na defesa do ethos na política, dos elevados padrões democráticos e republicanos.
Este aperto de mãos, Presidente, será talvez o motivo que ilumine sua visita e nossa alegria, na epopeia anônima dos imigrantes italianos enquanto construtores de um futuro de paz.
Estamos entre amigos, Senhor Presidente, na poética das mãos abertas, inermes.
Aceite meu respeitoso e comovido abraço.
Rio, 18 de julho de 2024
Marco Lucchesi
Carissimo Presidente Sergio Mattarella
La ringrazio per questa visita storica indimenticabile: il capo della repubblica italiana, amato e riverito, viene a conoscere la repubblica dei libri della Biblioteca Nazionale.
Grazie, Presidente, lei si trova, in un luogo molto stimato, tra le dieci più importanti biblioteche nazionali al mondo, secondo l’Unesco, dimora della cittadinanza e della democrazia.
Un sentitissimo grazie, da parte mia, e dai miei, Presidente, che dalla piccola Massarosa furono liberati dalla Feb, dai coraggiosi soldati brasiliani, contro il terrore nazista, ottant’anni or sono, da quei giorni di macerie e di speranza.
Celebriamo con Lei, caro Presidente, i 150 della migrazione italiana in Brasile.
Cosa accomuna, però, la sua affetuosissimavisita a quelli italiani e alla mostra di stasera, così ricca e singolare?
Lei sa, Presidente, che dopo la preghiera di San Bernardo alla Vergine, nel 33 del Paradiso, si riscontra un’attesa degli sguardi, la potenza orchestrale degli occhi, nella speme, vale a dire nella speranza, della “visïon” che si faccia “manifesta”.
Qui, invece, dalla potenza degli occhi passiano alla sinergia delle mani.
Quelle dei migranti, operai, agricultori, artigiani, e la loro eccezionale manualità,riconosciuta in tutto il mondo, mani ruvide o incallite, che solcano ed a sua volto vengono solcate. Mani che testimoniano un sì alla vita, al lavoro, alla dignità.
Le mani, stimato Presidente, dei lavoratori e collaboratori della Biblioteca del Brasile, i quali con delicata perizia, han disteso i disegni italiani e le incisioni, con posasoave ed elegante, mani protettive, le qualitramandano da generazioni la guardia dei nostri tesori della memoria culturale.
Eppoi, Presidente Mattarella, le sue stesse mani, blande e forti, sensibili e attente, nella difesa dell’ethos nella politica, deivalori democratici e repubblicani.
Questo intreccio di mani, Presidente, sarà forse la ragione che illumina e la sua visita e la nostra gioia, dall’umile ed anonima epopea degli emigranti italiani, costruttori di un futuro di pace.
Siamo tra amici, signor Presidente, nella poetica della mani aperte, inermi, solidali:
“E poi che la sua mano a la mia puose/ con lieto volto, ond’ io mi confortai”…
Mi permetta un abbraccio rispettoso e una stretta di mano.
Rio de Janeiro, 18 luglio 2024
Marco Lucchesi