Após passar por Paris e Nova York, chega à Veneza uma mostra que conta a relação histórica que a cidade italiana teve com o mundo islâmico, através de pinturas, vitrais, cerâmicas, metais e pedras preciosas. A exposição será exibida no Palazzo Ducale de 28 de julho a 25 de novembro.
Uma fascinante história de guerra, paz, profundo intercâmbio econômico e cultural, será contada graças à colaboração do Metropolitan Museum de Nova York, o Instituto do Mundo Árabe de Paris e a Fundação Veneza, que cederam uma centena de obras para o evento.
As relações entre Veneza e o Islã são milenares, feitas de contatos, intrigas, confrontos e trocas de artistas e artesãos. Uma história que começa no século VIII, época em que se inicia a expansão da civilização muçulmana na Europa. Essa ligação continua até o século XVIII, entremeada por guerras, cruzadas, piratarias, rotas comerciais, e termina em 1797 quando a República do Estado de Veneza não existe mais.
Veneza era passagem obrigatória de todas as idéias, o lugar onde o Oriente se encontrava com o Ocidente. A partir daí, a cidade se aproxima da cultura islâmica com admiração. Os artistas e artesãos aprendem novas técnicas, estilos, ornamentos, e os sultões de Istambul convocam artistas de Veneza para retratarem a sua corte.
O percurso da exposição é longo – cerca de mil metros quadrados – e a história se desenvolve através de todas as áreas artísticas, a começar pela pintura. Há uma seção dedicada às obras de arte venezianas do Trecento ao Setecento, de Giovanni Bellini a Vittore Carpaccio, de Paolo Veronese a Gimbattista Tieopolo.
Há também preciosos manuscritos persas e árabes do século XIII ao XVIII, além de desenhos de mestres do Renascimento italiano, miniaturas e esculturas. Outra seção é dedicada às trocas científicas, da medicina à astronomia, da geografia à filosofia. As rotas comerciais são revividas com uma seleção de materiais cartográficos.
Uma grande sala expõe tecidos, vitrais, cristais, cerâmicas, metais. Objetos de arte e também de uso cotidiano que testemunharam a presença das trocas e da integração na linguagem artística de Veneza dos temas, técnicas e saberes da civilização islâmica.
A mostra faz parte de uma jornada na cidade sobre as relações históricas e artísticas entre esses dois mundos.
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