Nesta quarta-feira, 18/09, o Fed, banco central americano, deve reduzir a taxa de juros, depois de manter o nível mais alto das últimas duas décadas (entre 5,25% e 5,5% ao ano) por 14 meses. A decisão reverbera na economia global, e impacta no preço do Dólar e no fluxo dos investimentos.
Nos Estados Unidos, os dados de atividade econômica estão mais fracos que o esperado, a inflação está recuando e há até o receio de uma recessão mais acentuada. No Brasil, ao contrário, o PIB surpreende para cima, o IPCA – índice oficial de preços – ronda o teto da meta e as projeções para os próximos anos estão “desancoradas”, ou seja, distantes da meta de 3% para este ano.
Pelo sistema de metas, que serve de referência para a atuação do Banco Central, o Copom deve nivelar a taxa de juros para atingir as metas fixadas para os próximos anos, e não tendo por base a inflação passada. Ainda tem o fato da valorização do Dólar sobre o Real este ano, que saiu do patamar de R$ 4,85 em janeiro e chegou a bater em R$ 5,74 em agosto, recuando para R$ 5,50 nesta semana.
A expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie alta de 0,25% ou 0,50% na Selic, atualmente em 10,50% ao ano – taxa que faz do Brasil o país com o terceiro maior juro real do mundo. A expectativa dos analistas é de que este seja o primeiro aumento de uma sequência que deve atingir 11,50% até o começo de 2025. O objetivo é conter alta nas expectativas de inflação. O anúncio acontecerá após as 18h, no horário de Brasília.
As decisões sobre a taxa de juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia. Com isso, o BC já está mirando, neste momento, na inflação, no acumulado de 12 meses, até março de 2026. E as projeções do BC e do mercado estão, no jargão técnico, “desancoradas” das metas de inflação fixadas para o futuro, e subindo.
Os analistas dos bancos estimaram um IPCA de 4,35% para 2024; de 3,95% para 2025; e de 3,61% para 2026 — todas acima do objetivo central de 3%, mas dentro do limite de até 4,5%.
No fim de junho, o Banco Central projetou uma inflação de 4,2% para 2024, de 3,6% para 2025 e de 3,2% para 2026, também acima da meta central e dentro do intervalo de tolerância.
O BC defende que sua atuação é técnica, com o objetivo de conter o crescimento da inflação.
Para a instituição, a alta nos preços causa prejuízos, principalmente, à população mais pobre, abocanhando proporcionalmente uma parte maior de sua renda, além de desorganizar a economia e de prejudicar o planejamento das empresas.
“O custo de combater a inflação é muito alto para a sociedade, e tem impactos duros no curto prazo. Mas o custo de não combater é muito mais alto e tem impactos muito mais nocivos a médio e longo prazo. Então, nosso trabalho é fazer essa convergência com o mínimo custo possível” , afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, no ano passado.
(Dados do G1 e do Estadão)