O embaixador da Itália no Brasil, Francesco Azzarello, deu uma entrevista para a “GloboNews” em que analisa as relações bilaterais, explicando que é hora de “deixar para trás o período sombrio” da época de Cesare Battisti, “desenvolvendo ainda mais” a relação entre Itália e Brasil. Às perguntas da jornalista, o diplomata explica que na Itália “governa uma coalizão de centro-direita”, “inspirada em valores que não podem ser associados de nenhuma maneira à época fascista”. E ressalta que “não acredito que qualquer um que queira defender os interesses nacionais pode ser considerado fascista”.
Sobre a campanha eleitoral no Brasil, encerrada no último dia 30 de outubro com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, Azzarello disse que “foi muito combativa, áspera, mas no fim o povo se expressou e a vontade do povo deve ser respeitada”, pontuando que a “Itália acompanhou” a campanha “com grande atenção e interesse”.
E também que o “o presidente da República, Sergio Mattarella, e a nova primeira-ministra, Giorgia Meloni, parabenizaram imediatamente o presidente Lula, e a embaixada publicou no dia seguinte, nas redes sociais, as mensagens traduzidas para o português”.
Quanto às relações bilaterais entre Itália e Brasil, “acredito que é hora de deixar para trás o período sombrio das relações bilaterais causadas pela proteção do criminoso Cesare Battisti”.
“A minha expectativa é que o novo governo Lula deseje manter e desenvolver ainda mais as excelentes relações que caracterizam a história de nossos dois países”, acrescentou.
Para uma pergunta sobre as raízes neofascistas do partido de Meloni e sobre o risco de que a Itália possa se virar para o autoritarismo, Azzarello destacou que “o governo italiano é de centro-direita, não de extrema-direita, como muitos dizem erroneamente”.
“O partido Força Itália, de [Silvio] Berlusconi, está dentro do Partido Popular Europeu, que é o principal partido centrista do Parlamento Europeu. Irmãos da Itália, da premiê Giorgia Meloni, faz parte do grupo dos conservadores e reformistas europeus no Parlamento, um agrupamento inspirado nas tradições dos partidos conservadores-liberais, de centro-direita. A Liga, de [Matteo] Salvini, é um partido que está no grupo Identidade e Democracia no Parlamento UE, de inspiração soberana. O fascismo não existe mais. Essa é uma nova coalizão de governo inspirada em valores que não podem ser associados de nenhuma maneira à época fascista. E não acredito que qualquer um que queira defender os interesses nacionais pode ser considerado fascista. Assim, haveria muitos países do mundo que seriam todos fascistas. E o autoritarismo na Itália não existe”, finalizou. (com dados da Ansa)