Earthshot: cidade de Milão vence prêmio ambiental criado pelo príncipe William

Projetos da Itália, Costa Rica, Bahamas e Índia foram os vencedores do novo prêmio Earthshot, criado pelo príncipe William e pelo ambientalista britânico David Attenborough e entregue em cerimônia de gala na cidade de Londres, no último domingo (17). O prêmio anual foi idealizado para apoiar esforços destinados a salvar o planeta das mudanças climáticas. Nesta primeira edição, cinco vencedores foram anunciados, escolhidos por especialistas entre mais de 750 indicados. Cada um receberá 1,4 milhão de dólares.
A cidade italiana foi a vencedora na categoria “Construir um mundo livre de desperdício” por conta da criação de centros de resíduos alimentares, que recuperam alimentos que seriam descartados por supermercados ou pelas cozinhas de grandes empresas por não se encaixarem nos padrões e os entrega para organizações sem fins lucrativos e entidades que ajudam pessoas necessitadas.
Instalado em 2019, o projeto quer reduzir pela metade o desperdício de comida em Milão até 2030. Segundo a premiação, o reconhecimento ocorre porque essa é a “primeira grande cidade do mundo a aplicar uma política pública sobre o desperdício de alimentos, abrangendo órgãos públicos, bancos de alimentos, instituições de caridade, ONGs, universidades e empresas privadas”.
Com os cerca de 350kg de alimentos recuperados por dia, é possível fazer cerca de 260 mil refeições por ano.
“Milão criou um projeto que pode ser colocado em escala em todo o mundo. Se mais pessoas seguirem o exemplo de Milão, as cidades podem se tornar um de nossos maiores ativos no progresso da humanidade em direção a um mundo sem resíduos”, destaca o comitê organizador.
Segundo a vice-prefeita de Milão, Anna Scavuzo, que foi quem recebeu o prêmio em nome de Giuseppe Sala, o dinheiro será usado para a ampliação do projeto, que está construindo mais um centro de resíduos alimentares.
Outros prêmios
A Itália também teve outra iniciativa vencedora entre as escolhidas. A categoria “Conserte nosso Clima” premiou a tecnologia AEM Electrolyser, criada pela empresa italiana Enapter, em parceria com a Tailândia e Alemanha.
A empresa desenvolveu uma “alternativa para o clima” e seu AEM Electrolyser consegue transformar eletricidade renovável em gás hidrogênio livre de emissões poluentes, segundo informa o comitê. “Desenvolvida de forma mais rápida e barata do que se pensava ser possível, a tecnologia já abastece carros e aviões, movimenta indústrias e aquece residências”.
A categoria “Proteja e Restaure a Natureza” foi para a Costa Rica que, desde 1990, tem um amplo projeto para recuperar a área de mata e restaurar ecossistemas.
Já o “Limpe nosso Ar” foi para a empresa indiana Takachar, que criou uma tecnologia que reduz a poluição de máquinas de áreas de agricultura e transforma resíduos em bioprodutos rentáveis, como combustível e fertilizantes naturais.
A categoria “Reviva nossos Oceanos” premiou a organização Coral Vita, que atua nas Bahamas, trabalhando para recuperar o ecossistema marítimo local.
Criação do prêmio
William, 39, segundo na linha de sucessão do trono britânico, anunciou sua criação no ano passado, afirmando que o prêmio será entregue anualmente, durante uma década, para “incentivar a mudança e ajudar a consertar o nosso planeta”.
Tanto pessoas – ativistas, cientistas, economistas – quanto empresas, organizações, governos, cidades e países que proponham soluções viáveis para a crise climática serão premiados.
Além do príncipe, o júri da primeira edição foi formado por personalidades como a cantora colombiana Shakira, o jogador brasileiro Dani Alves, a ex-responsável climática da ONU Christina Figueres, a atriz australiana Cate Blanchett, a rainha Rania de Jordânia e o naturalista britânico David Attenborough.
Dotado com um valor de 50 milhões de libras durante 10 anos (pouco mais de 68 milhões de dólares), o prêmio Earthshot, criado em 2020, pretende ser “o prêmio ambiental mundial mais renomado da história” e é inspirado no programa lunar do presidente americano John F. Kennedy, que contribuiu particularmente para o desenvolvimento tecnológico da humanidade.
Seu objetivo é recompensar aqueles que conseguirem “soluções viáveis” para a crise climática, melhorando “as condições de vida no planeta, especialmente para aquelas comunidades mais expostas à mudança climática”.
Criticando o turismo espacial, o príncipe William pediu nesta semana uma atenção maior à Terra. “Alguns dos maiores cérebros e mentes deste mundo devem tentar consertar este planeta primeiramente, e não buscar o próximo lugar onde irão viver”, destacou. (com dados de agências internacionais)