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Draghi vence moção de confiança no Senado, mas sofre boicote de aliados

20 de julho de 2022 - Por Comunità Italiana
Draghi vence moção de confiança no Senado, mas sofre boicote de aliados

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, venceu o voto de confiança no Senado nesta quarta-feira (20), continuando no cargo em meio à crise política no país. Porém, três principais partidos da coalizão se recusaram a participar da votação, mantendo a situação delicada em seu governo.

A moção pedia que a casa aprovasse um discurso feito por Draghi no início do dia, quando ele exigiu unidade de seus aliados da coalizão. A votação foi aprovada por 95 a 38 com muitas dezenas de senadores ausentes.

A coalizão governista, que abrangia todos os principais partidos italianos, com exceção do Irmãos da Itália, da extrema-direita, perdeu três membros importantes. Dois da direita, a Força Itália, de Silvio Berlusconi, e a Liga, de Matteo Salvini, se recusaram a votar durante a moção, enquanto o antissistema Movimento 5 Estrelas se absteve.

O Cinco Estrelas, que conquistou 33% dos votos em 2018 e, como resultado, ainda é o maior partido do governo. Desde então, desmoronou. O partido perdeu cerca de dois terços de seu apoio nacional e pode ser dizimado na próxima disputa eleitoral.

Mais cedo nesta quarta-feira, Draghi afirmou que a revolta do 5 Estrelas significava “o fim” do pacto de confiança que alimentou seu governo e que era inaceitável. Se um partido pode se rebelar, qualquer um “poderia rebelar-se”, alertou. Ele disse que, por ter sido nomeado primeiro-ministro interino e não eleito diretamente, sua legitimidade dependia de “o maior apoio possível”.

“O único caminho a seguir, se quisermos ficar juntos, é reconstruir de cima este pacto, com coragem, altruísmo e credibilidade”, disse Draghi em um discurso ao Senado italiano, antes do voto de confiança.

No entanto, muitos analistas acreditam que o Parlamento não poderia realizar muitos feitos sem Draghi e sua reputação de estadista europeu sênior que salvou o euro como presidente do Banco Central Europeu.

Caso o cargo de primeiro-ministro fique vago, uma situação de instabilidade pode surgir não apenas no território italiano, mas também em toda a Europa. A União Europeia, cujo Draghi é um grande defensor, luta para manter a unidade e a cooperação na resposta contra a Rússia na invasão da Ucrânia.

A incerteza, depois de uma maré relativamente estável, foi imediata. Para o ministro das Relações Exteriores italiano, Luigi di Maio, o dia de hoje significa “uma página sombria para a Itália”.

“A política falhou, diante de uma emergência a resposta foi a de não saber assumir a responsabilidade de governar. O futuro dos italianos foi usado como se fosse um jogo. Os efeitos dessa escolha trágica ficarão na História”, escreveu nas redes sociais.

Desde que Draghi assumiu o cargo, no início de 2021, após pedido do presidente da Itália para que ele resolvesse a crise política criada pelo colapso do governo de Conte, o primeiro-ministro liderou o país no combate à pandemia da covid-19 e encheu o governo de especialistas que sacudiram a Itália de seu mal-estar político e econômico.

Draghi, frequentemente chamado de Super Mario por seu papel em salvar o Euro durante seu período como presidente do Banco Central Europeu, impulsionou imediatamente a posição internacional da Itália e a confiança dos investidores. A promessa de uma mão firme ajudou a Itália a receber mais de 200 bilhões de euros em fundos de ajuda da Europa,  uma quantia transformadora que deu ao país sua melhor chance de modernização em décadas.

O ex-presidente do Banco Central trouxe um crescimento moderado para a Itália e fez reformas em seu sistema de justiça e código tributário, além de simplificar a burocracia e encontrar diversas fontes de energia fora da Rússia, incluindo renováveis. 

Draghi já havia pedido renúncia no dia 14 de julho, argumentando que não havia mais “coalizão de unidade nacional do seu governo”. Porém, o presidente Sergio Mattarella rejeitou a carta e deu até esta quarta-feira para que o político formasse um governo para continuar na liderança.

Hoje, o primeiro-ministro pediu que fosse feito o voto de confiança, um mecanismo do sistema parlamentarista em que se é decidido se o chefe de governo deve continuar no cargo ou não. Ele exigiu unidade de seus parceiros de coalizão caso quisessem a continuidade de sua administração. (com dados de agências internacionais)

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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