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Do laboratório para a prática

15 de março de 2023 - Por Comunità Italiana
<strong>Do laboratório para a prática</strong>

Brasil e Itália firmam acordos em várias áreas científicas e de meio-ambiente e, em maio, autoridades dos dois países discutirão plano de cooperação para o emprego de satélites que monitorarão diferentes biomas brasileiros

Protagonistas em seus continentes nas áreas de pesquisa, tecnologia e meio ambiente, Brasil e Itália têm muito em comum e podem trabalhar juntos pensando no futuro do planeta. É assim que pensa a presidente do Conselho Nacional das Pesquisas da Itália (CNR), Maria Chiara Carrozza. Ex-ministra da Educação, Universidade e Pesquisa do governo italiano, a professora esteve este mês no País a convite da Embaixada da Itália, em Brasília, e participou de eventos com autoridades brasileiras a fim de estreitar os laços entre os dois países.

— O Brasil é protagonista na proteção do capital natural. A Itália também tem um papel no Mediterrâneo, que representa aquilo que nós chamamos hotspots da biodiversidade — explicou Carrozza, para quem os dois países devem trabalhar juntos para desenvolver pesquisa, ciência e tecnologia. E ela complementou: — A parceria Itália-Brasil tem muito sucesso na agricultura, área em que o Brasil é referência, mas as relações podem ser estreitadas em outros setores, como o aeroespacial.

Em encontro realizado na Embaixada italiana, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos, declarou que os dois países estão em sintonia e antecipou que em maio haverá um encontro para se traçar um plano de cooperação com foco na área aeroespacial. O objetivo, segundo a ministra, é o desenvolvimento de satélites para monitoramento dos diferentes biomas brasileiros.

Para o embaixador italiano no país, Francesco Azzarello, ainda há muito espaço para estreitar a parceria entre os dois países nas áreas de ciência, tecnologia e meio-ambiente.

— O relacionamento Itália-Brasil é praticamente sem limites. Na agricultura, na cooperação universitária, na tecnologia de forma geral. É sem fim — afirmou o diplomata.

O presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, com a presidente da CNR, Maria Chiara Carrozza, e com o embaixador da Itália no Brasil, Francesco Azzarello 

Parceria agroalimentar

Azzarello e Maria Chiara Carrozza encontram-se, também em Brasília, no dia 14 de março, com o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti. Na ocasião, segundo informações da agência de notícias Ansa, foi assinada uma carta de intenções no campo de estudos da agricultura. Para Moretti, a Itália pode contribuir principalmente no desenvolvimento de sensores, agricultura de precisão e bioprospecção, uma área, frisa ele, em que o CNR está muito avançado.

— O acordo é amplo e vai desde a segurança alimentar e nutricional, passando pela biotecnologia, nanotecnologia e saúde animal — informou o presidente da Embrapa. A parceira funcionará para os próximos cinco anos, como forma de desenvolver projetos em conjunto e promover um intercâmbio de pesquisadores.

O presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, com o embaixador da Itália no Brasil, Francesco Azzarello

As principais áreas de interesse do acordo abrangem setores de importância crucial para as aplicações industriais da pesquisa, como as biotecnologias, nanotecnologias, agricultura de precisão, inteligência artificial e drones para a agricultura.

Maria Chiara destacou que o incentivo à pesquisa é fundamental para desenvolver modelos científicos que possam antecipar os eventos climáticos inéditos.

— Na Itália, há fenômenos sem precedentes e não temos modelos para preveni-los. Precisamos antecipar o impacto das atividades humanas e sociais sobre o meio-ambiente — declarou.

O embaixador italiano no Brasil saudou a visita da presidente do CNR:

— A assinatura da carta de intenção coroa a visita fundamental da presidente Carrozza à Brasília, resultado de um jogo de equipe que permitiu alcançar, em curto prazo, um acordo que abre o caminho para a concreta cooperação com um gigante de sucesso mundial como a Embrapa.

O presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, com a presidente da CNR, Maria Chiara Carrozza

Para o adido agroalimentar da embaixada italiana, Gianluca Cicchiello, o país europeu pode contribuir para o desenvolvimento de soluções para auxiliar o Brasil a melhorar a segurança alimentar de sua população.

— Temos pesquisadores muito especializados e podemos contribuir na questão da segurança alimentar. O centro de pesquisa italiano é muito especializado em nanotecnologia, inteligência artificial, nutrição e nutrição e se une agora à Embrapa, que é o maior e mais importante instituto de pesquisa brasileiro do setor.

Criada em 1973, a empresa desempenhou papel decisivo no desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro, possibilitando que o país se tornasse o terceiro maior produtor agropecuário do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.

Apoio aos estados

Tamanha a importância da Itália para a ciência e tecnologia brasileiras, a Embaixada italiana sediou o Fórum Nacional do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), realizado no dia13 de março. Durante o encontro, o Conselho elegeu seu novo presidente, Silvio Bulhões, que vai dar seguimento à parceria com o país europeu, iniciada por seu antecessor, Rafael Pontes Lima.

Existem várias parcerias da Itália diretamente com os estados brasileiros e com as fundações de amparo à pesquisa. Essa cooperação continuará e será ampliada, explica o novo presidente do Consecti, segundo o qual com o novo governo brasileiro vive-se um momento muito favorável para a ciência.

— Estamos num momento perfeito para o desenvolvimento científico e tecnológico aqui no nosso País e essa parceria com a Embaixada da Itália gerará uma relação de crescimento mútuo. A gente espera que a relação, hoje já muito forte, construída pelo presidente Rafael Pontes, possa continuar, sempre com o apoio do embaixador Francesco Azzarello — disse Bulhões.

País que entende o Brasil

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, tem um palpite sobre o sucesso das parcerias entre Brasil e Itália.

— Os italianos entendem melhor como funciona o Brasil. Temos colaborações com vários outros países na área de pesquisa, mas a Itália parece ter um entendimento melhor do funcionamento do Brasil. Isso facilita muito esses projetos conjuntos — afirmou.

Após se encontrar com a professora Maria Carrozza Chiara e com o embaixador italiano, Galvão, que já presidiu o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), prevê que cooperação entre os dois países se estenderá a um tema sobre o qual é especialista: a Amazônia.

— Espero que a Itália se aproxime numa área que não tem trabalhado muito, mas que a professora Carrozza acompanha de perto. Estou confiante de que a Itália possa colaborar muito mais fortemente no desenvolvimento sustentável da Amazônia — assinalou Galvão.

A ministra Luciana Santos tem a mesma expectativa: — A gente deve sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas de 2025 (Cop 30), em Belém. Até lá a gente tem a expectativa de que a União Europeia chegue mais junto, com mais investimentos para as metas de descarbonização.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.

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