De Sacco para Niterói: Madonna degli Angeli está a caminho do Brasil

Para consolidar a relação entre a cidade de Sacco, no sul da Itália, e o povo de Sacchesi no exterior, foi realizada no último domingo (4) uma procissão e uma missa especial em homenagem à imagem de Nossa Senhora dos Anjos, que inicia ainda nesta semana sua viagem para o município de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. No Brasil, a estátua será colocada na Igreja de São Judas Tadeu, no bairro de Icaraí.
As festividades tiveram início com uma procissão na Piazza Nicola Monaco e depois a santa missa e bênção foram celebradas na Paróquia de São Silvestro Papa. A estátua foi criada graças ao empenho da Administração Municipal, da Sacchesi Association of America, da comunidade Sacchese local e de residentes no Brasil. Ela foi produzida em Nápoles, na oficina de arte do mestre Costabile Cantone, um conhecido escultor que cria presépios e imagens sacras também para o Estado do Vaticano.
Para o prefeito de Sacco, Franco Latempa, a criação da estátua “é um sinal da vontade da Administração Municipal de restaurar e consolidar as relações entre a comunidade local de Sacco e os habitantes de Sacchesi residentes no exterior” .

O gesto se deve a grande presença de cidadãos imigrantes de Sacco para a cidade fluminense. Entre imigrantes e seus descendentes, estão radicados mais de 500 sacchesi em Niterói, mais do que a população remanescente de 412 habitantes na cidade italiana localizada na região montanhosa do Cilento.
Outra parte importante dos migrantes de Sacco foram para Nova York, nos Estados Unidos. Lá, fiéis celebram a Madonna degli Angeli por acreditarem que a santa os ajudou a banir a peste na região.
A cerimônia em Niterói para celebrar a estátua de um metro de altura, réplica da original localizada na igreja matriz de Sacco, ocorre no dia 2 de agosto, quando a Nossa Senhora dos Anjos é festejada.

Sacco
Sacco é uma comuna italiana da região da Campania, província de Salerno, com uma área de cerca de 23 km² e uma densidade populacional de 30 hab/km². A pequena cidade faz fronteira com Corleto Monforte, Laurino, Piaggine, Roscigno, Teggiano. Suas origens são remotas, têm raízes na aldeia abandonada de Sacco Vecchio.
Francesco Sacco no Dicionário geográfico-histórico-físico do reino de Nápoles de 1796 escreve no 3º tomo pag. 229 “Diz-se que esta terra (a atual cidade de Sacco) foi construída por volta do século VIII pelos habitantes das terras destruídas de Castel Vecchio (a cidade de Sacco Vecchio), onde havia um castelo construído pelos duques de Benevento, em que Saccia, esposa de um dos duques de Benevento, foi rebaixada]”.
“Tendo destruído aquele castelo, os habitantes de Castel Vecchio construíram o atual terreno, e quiseram chamá-lo de Saccia em memória de Saccia preso no Castelo da Terra de Castel Vecchio “.
A festa da Madonna degli Angeli em Sacco representa o momento de encontro de todas as comunidades de cidadãos de Sacco residentes fora do território do município. De fato, todos os anos há sempre o retorno de cidadãos mais ou menos numerosos de origem sacchesa de várias partes da Itália, da Europa e das Américas.
Mas o culto da Virgem dos Anjos de Sacco ultrapassou as fronteiras locais durante a devastadora peste de 1656. Naquela época a população de Sacco foi dizimada e dos cerca de 900 habitantes apenas 250 sobreviveram. Mas algo extraordinário aconteceu: as mortes que começaram na meta de junho de 1656, cessaram repentinamente em 2 de agosto, dia dedicado à Virgem.
Assim que a notícia se espalhou, muitas pessoas de aldeias próximas e ainda mais distantes foram ao altar de Santa Maria degli Angioli para se ungir com o óleo da “lampa” considerado milagroso.
Niterói
Niterói, município brasileiro da região metropolitana do Rio de Janeiro, foi a capital estadual, como indicado pela sua coroa mural dourada, exclusiva de capitais, entre 1834-1894 e novamente entre 1903-1975. Conta com uma população estimada em 513 584 habitantes e uma área de 133,757 km², ostenta o mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Rio de Janeiro.

Embaixada da Itália e Prefeitura de Niterói assinam acordo de colaboração
Milhares e milhares de quilômetros separam Niterói da Itália. Mas agora a cidade separada do Rio de Janeiro pela Baía de Guanabara está mais perto do Belpaese. Comunità explica melhor. Francesco Azzarello, Embaixador da Itália no Brasil, e o Prefeito de Niterói, Axel Grael, assinaram acordo de cooperação em diversas áreas num encontro nesta segunda-feira 22 de maio organizado por Pietro Petraglia, Presidente do Grupo Comunità e Grande Oficial da República Italiana.
“Há ponte entre Niterói e Itália, principalmente no campo cultural”, comentou Petraglia. “Niterói é vitrine para o mundo”, lembrou ele.
O acordo prevê intercâmbios e cooperações de diversos modos nas áreas de sustentabilidade, preservação do meio-ambiente; turismo, hotelaria, gastronomia, arquitetura e restauração, tecnologia de segurança, desenvolvimento e expertise do setor portuário, economia criativa, esportes com especial atenção à vela, ao ciclismo, ao beach tennis, além de outros.

Tudo isso no ano em que Niterói completa seu 450º aniversário. Axel Grael recordou as ligações da cidade que governa com o país do outro lado do Atlântico:
“Niterói tem referência cultural com a Itália, muitas famílias italianas aqui em Niterói. Deu contribuição importante para história da cidade. Satisfação muito grande de receber o Embaixador. Junto com Pietro vamos achar esses caminhos, essa aproximação”.
Presentes também na cerimônia de assinatura o cônsul geral Massimiliano Iacchini e a diretora do Instituto Italiano de Cultura Livia Raponi. Francesco Moliterni, presidente da Leonardo no Brasil, aproveitou a ocasião para convidar a Prefeitura a conhecer as soluções para segurança na fábricas da empresa na Itália.

A delegação italiana esteve na Fortaleza de Santa Cruz, com o General Leite, para homenagear a Bateria Gaggio Montano em memória da Força Expedicionária Brasileira na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.
Na Fortaleza de Santa Cruz da Barra ficou preso Giuseppe Garibaldi, heroi de dois mundos e artífice da unificação italiana. Na mesma fortaleza Azzarello viu ainda vários detalhes que lembram seu país. A bateria de canhões, construída na segunda metade do século XIX, foi chamada de Bateria de Santa Tereza. Homenagem à napolitana e imperatriz do Brasil Tereza Cristina.
A comitiva conheceu ainda o Centro Integrado de Segurança Pública da Polícia Municipal de Niterói, acompanhado do secretário municipal de Ordem Pública, coronel Paulo Henrique Moraes.

O Museu de Arte Contemporânea, cartão postal da cidade fluminense, deixou maravilhado o Embaixador. Azzarello afirmou que irá promover atividades conjuntas pelos 450 anos de Niterói, em novembro.