Quem adentra esse mundo 3D, torna-se coautor da narrativa, segunda alma de Edward Mathers
Este romance precisa de você. Não aprecia monólogos solitários. Nasceu para o diálogo, para ouvir suas ideias. O espetáculo começa quando você chega. Só depois abrem as cortinas.
Como um ator e espectador ao mesmo tempo. O livro precisa de um Tu. É um tabuleiro de xadrez, a convidar os jogadores.
Foi uma longa espera, convenhamos. Longa e sentida. Mas importa chegar.
Mantenha os olhos abertos. Leia “além do que existe na impressão”, segundo Jorge de Lima. São muitas mudanças de plano. Metamorfoses da língua. Mosaicos vivos. Quadrados mágicos, a que recorreu Osman Lins. Remate de palavras cruzadas. Recobre a atenção. Tantas sereias e Ulisses vai sozinho.
Esse livro jamais termina. Há quatro anos adentrei a narrativa. Já não consigo, e nem pretendo, abandoná-la. Talvez nos encontremos no meio da história. Conheço alguns bares nessas páginas. Uma xícara de café? E juntos escolhemos um caminho, capaz de elucidar parte do enigma. Um desafio refinado, quebra-cabeça dúctil, cujas peças podem crescer ou diminuir, sem alterar o desenho, com seu conjunto inquieto.
Os entendidos dão três soluções ao livro. Tenho uma ideia, mas não bancarei o spoiler. Mesmo porque, cada combinação é dinâmica. Se hoje parece uma coisa, amanhã já é outra.
Quem adentra esse mundo 3D, torna-se coautor da narrativa, segunda alma de Edward Mathers.
Para uma ideia da paisagem, cito o verbete “dogma”, do Etimologiário, de Maria Sebregondi:
“s.m. (do ingl. “dog”: cachorro) – irrefutável verdade canina. As trocas e as metáteses entre etologia e teologia revelam que os cães têm indiscutivelmente razão: o cão é o espelho de deus (dog/god)”.
Espelho, forma invertida, ludismo, deriva e combinação: eis alguns pontos centrais viajar com Mathers.
A que horas marcamos nosso encontro, aqui dentro, meu cúmplice-leitor, colega de aventura?