A província de Trieste, no nordeste da Itália, vive um aumento exponencial dos novos casos de covid-19 após ter sido palco de grandes protestos de grupos antivacinas contra um certificado sanitário imposto pelo governo nacional.
O epidemiologista Fabio Barbone, chefe da força-tarefa contra a pandemia na região de Friuli Veneza Giulia, disse na segunda-feira (1º) que a província de Trieste registrou 801 novos diagnósticos positivos na semana passada, o dobro dos sete dias anteriores.
“O aumento dos novos casos em Trieste é exponencial”, declarou Barbone. Na semana passada, a taxa de infecção na província ficou em 350 casos por cada 100 mil habitantes, quase o triplo do restante da região e semelhante à incidência do último trimestre de 2020, quando teve início a “segunda onda” na Itália.
A alta nos casos de covid acontece cerca de duas semanas depois de Trieste ter registrado vários dias de protestos contra o chamado “passe verde”, passaporte sanitário criado pelo governo e distribuído para vacinados, curados ou testados contra o novo coronavírus.
A apresentação desse certificado é obrigatória em todos os locais de trabalho na Itália desde 15 de outubro, medida que gerou protestos de grupos antivacinas. Durante os atos, que chegaram a bloquear um dos acessos ao importante Porto de Trieste, os manifestantes estavam em sua maioria sem máscara e sem respeitar distanciamento.
Até o momento, já foram identificados pelo menos 93 casos de covid ligados às manifestações em Trieste, número que era de 46 até o fim da semana passada.
“O andamento nas últimas semanas é de progressivo aumento da incidência, mas na semana passada em particular houve um agravamento da situação”, explicou Barbone.
Cerca de 83% do público-alvo (pessoas a partir de 12 anos) foi totalmente vacinado na Itália, e o epidemiologista diz que o Friuli Veneza Giulia está “um pouco abaixo” da média nacional. As menores coberturas estão na faixa entre 40 e 70 anos.
“Chega de idiotice! As pessoas não se tratam porque um ou outro palhaço conta mentiras para assustar os cidadãos. A vacina existe, funciona e tem pouquíssimas contraindicações”, declarou na segunda-feira o governador de Friuli Veneza Giulia, Massimiliano Fedriga, do partido de ultradireita Liga.
O secretário federal da legenda, Matteo Salvini, é um dos políticos que já lançaram dúvidas publicamente sobre as vacinas anti-covid, especialmente para adolescentes, e o partido é contra a obrigatoriedade da imunização. “A vacina não é experimental”, concluiu Fedriga.
Já a administração da província de Trieste proibiu manifestações na praça principal da cidade homônima até o fim do ano e prometeu multar quem protestar sem distanciamento e sem máscara. (com dados da Ansa)