A Câmara dos Deputados da Itália rejeitou na quinta-feira (21), com 184 votos contrários e 72 a favor, além de 44 abstenções, a ratificação da reforma do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), instrumento da União Europeia para ajudar países em crise na zona do euro.
A votação marcou uma divisão na base do governo da premiê Giorgia Meloni, com os partidos de direita Irmãos da Itália (FdI) e Liga se posicionando contra o texto, enquanto a legenda de centro-direita Força Itália (FI) se absteve. O populista Movimento 5 Estrelas (M5S), de oposição, também votou contra.
A reforma do ESM já foi aprovada há quatro anos pela União Europeia, mas a Itália é o único Estado-membro que não a ratificou, impedindo sua entrada em vigor.
O Mecanismo Europeu de Estabilidade é o principal instrumento da UE para ajudar países que não conseguem mais pagar suas dívidas, já que os membros da zona do euro não podem imprimir dinheiro.
Entre as mudanças previstas na reforma estão a introdução de um fundo de liquidez para socorrer bancos em dificuldade e garantir os depósitos de correntistas em caso de falências, instrumento comum em países mundo afora, mas que não existe em âmbito europeu.
No entanto, quando estava na oposição, Meloni sempre fez campanha contra o ESM, assim como a Liga, partido do vice-premiê Matteo Salvini, com o argumento de que ele comprometia a “soberania” dos Estados-membros da UE.
“É um instrumento inútil que levaria um trabalhador italiano a dar dinheiro para salvar um banco alemão”, criticou Salvini. Com o resultado desta quinta, a ratificação da reforma do ESM só poderá ser analisada pelo Parlamento de novo depois de seis meses. (com dados da Ansa)